Ruralistas argentinos anunciaram ontem que suspenderão a exportação de grãos e a venda de carnes para os mercados locais. A iniciativa é parte de um novo protesto contra a elevação de taxas de exportação de grãos, que os produtores dizem estar sufocando o setor. Dirigentes de entidades rurais recomendaram que as estradas não sejam bloqueadas, como ocorreu no início do ano.
Essa é a terceira paralisação dos ruralistas em apenas dois meses. O impasse nas negociações com o governo da presidente Cristina Kirchner levou ao novo protesto.
Os produtores decidiram suspender as exportações de grãos entre hoje e segunda-feira, disse Mario Llambias, presidente das Confederações Rurais Argentinas (CRA), uma das grandes associações de rurais do país que têm liderado a reação contra o aumento da tarifa. Entre hoje e segunda, a comercialização de carne para o mercado interno também estará interrompida.
A decisão foi tomada um dia depois de o governo ter cancelado uma reunião de negociações com os ruralistas, alegando que não havia condições de diálogo após a mega-manifestação ocorrida na cidade de Rosário, no domingo. Segundo os organizadores do ato, 200 mil pessoas participaram do protesto contra o governo.
O conflito, que se arrasta há semanas, já minou a popularidade de Cristina, que tenta encontrar uma solução para a pior crise do seu governo, iniciado há apenas cinco meses. No documento da comissão de negociação dos ruralistas, a acusação é que o governo "levou ao limite conflito" e de que "rompeu o diálogo".
A nova agenda de protestos inclui a realização de acampamentos em praças e passeatas entre os dias 3 e 6 junho. Na semana seguinte, prometem intensificar uma campanha entre os parlamentares para tentar derrubar a elevação da tarifa. O governo argumenta que a nova taxa é fundamental para redistribuir riqueza e combater a inflação. Autoridades têm repetido que não vão alterar o novo modelo de cobrança. FONTE: Valor Econômico - 28/05/2008