As ações da Brasil Ecodiesel caíram ontem 7,44% na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) depois de um salto na segunda-feira, quando os papéis da maior produtora de biodesel do país subiram 11,40% e fecharam a R$ 6,45 a ação. A queda das ações ocorreu depois que a diretoria de relações com investidores negou rumores de uma negociação em curso para troca do controle da companhia. Em resposta a um questionamento da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a Brasil Ecodiesel afirmou que "não há qualquer negociação para troca de controle".
A Folha apurou que o rumor que embalou o interesse do mercado de capitais na segunda-feira foi uma suposta negociação da Brasil Ecodiesel com a Petrobras. Inquirida, a empresa disse ontem que, em relação aos "rumores da venda da empresa à Petrobras, a Brasil Ecodiesel não comenta especulações de mercado".
A Petrobras criou em fevereiro uma diretoria de biocombustíveis, entregue ao diretor Alan Kardec, que ainda não assumiu integralmente as funções. Além de produzir álcool combustível (a estatal tem projetos para participação em nove usinas em parceria com a japonesa Mitsui), a Petrobras constrói três unidades -Quixadá (CE), Candeias (BA) e Montes Claros (MG)- para a produção de 171 milhões de litros por ano. O investimento total chegará a R$ 227 milhões. Procurada, a Petrobras disse que não vai comentar informações sobre supostas negociações com a Brasil Ecodiesel. A estatal tem em caixa US$ 1,5 bilhão, até 2012, para investir no setor de biocombustíveis.
O presidente da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel), Odacir Klein, disse ontem que um eventual ingresso da Petrobras na produção de biodiesel "pode levar muitas empresas à falência", dada a capacidade financeira da companhia.
Melhor estratégiaSe a estatal levar adiante a meta de produzir biodiesel, o melhor será adquirir uma companhia existente do que ampliar a capacidade de produção do biocombustível, disse Klein.Hoje, a capacidade de produção de biodiesel supera os 3 bilhões de litros, cerca de 2 bilhões de litros mais do que o consumo compulsório previsto para este ano. A superoferta tem deprimido dos preços nos leilões realizados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). Neste momento, todo o diesel distribuído no país deve conter 2% de biodiesel. A partir de 1º de julho, a mistura será elevada a 3%, medida considerada ainda tímida para resolver o problema da superoferta.
Embora haja uma grande capacidade, produtores de biodiesel, entre os quais a Brasil Ecodiesel, enfrentam dificuldades no cumprimento dos contratos negociados nos leilões. Segundo a Ubrabio, há um descasamento entre os preços obtidos com a venda do biodiesel e o custo do óleo de soja, principal matéria-prima usada para produzi-lo. A elevação do preço da soja, e conseqüentemente do preço do óleo, criou a dificuldade no mercado.
A Brasil Ecodiesel também tem enfrentado, segundo o mercado, dificuldades para entrega dos volumes contratados. Sobre a questão, a empresa disse ontem à Folha que não se pronunciará por os contratos terem sido assinados "sob termos de confidencialidade". FONTE: Folha de São Paulo - 28/05/2008