A secura persistente e o sol escaldante do Centro Oeste brasileiro acompanharam toda a 1ª Grande Assembleia Internacional da Aliança dos Guardiões da Mãe Natureza, realizada entre os dias 11 e 16 de outubro no Brasil – os primeiros dias do encontro foram realizados no Centro de Formação Vicente Caãnas- em Luziânia (GO) e o último dia no Centro de Estudos Sindicais (Cesir) da CONTAG. Para debater as questões relevantes do futuro do nosso planeta, cerca de 200 representantes indígenas de 20 países – como Brasil, Chile, Nova Zelândia, Estados Unidos, e Nigéria, por exemplo – reuniram-se com o objetivo elaborar propostas e recomendações que serão reunidas em um documento, que, por sua vez, será entregue a organismos internacionais. A leitura do texto final e aprovação de encaminhamentos foi realizada hoje (16). O que é a Aliança dos Guardiões da Mãe Natureza A Aliança dos Guardiões da Mãe Natureza é uma iniciativa do Cacique Raoni e mais seis caciques da Amazônia brasileira, em conjunto com a ONG francesa Planète Amazone. Em novembro de 2015, durante a realização da COP21, em Paris, o grupo reuniu outras representações de indígenas e de ONGs de todo o mundo e apresentou ao então secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e depois ao então presidente francês, François Hollande, o texto fundador da Aliança, composto por 17 propostas para o planeta, para a paz e para as gerações futuras. “A ambição da Aliança dos Guardiões da Mãe Natureza é ser uma via de esperança, um caminho concreto para mostrar ao mundo que os povos indígenas e seus aliados não são obstáculos, mas, ao contrário, aliados necessários para buscar soluções que garantam a transição para um modelo de desenvolvimento respeitoso dos direitos humanos e do meio ambiente”, afirma o texto de apresentação da Aliança.
Para o vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, Alberto Broch, é muito importante para a CONTAG abrir suas portas para um evento dessa envergadura, que cobra o cumprimento dos acordos internacionais em defesa dos direitos dos povos indígenas e tradicionais. “Defendemos as mesmas bandeiras do direito à terra, da produção que respeita o ambiente e as pessoas, do direito à tradição e às nossas culturas. Todos temos o mesmo objetivo de lutar por uma sociedade mais justa, em que o ambiente seja preservado em benefício de todos”, afirmou Broch. Respeito à sabedoria indígena
Para uma líder da nação Ponca, situada no estado de Oklahoma, nos Estados Unidos, Casey Camp-Horinek, a 1ª Grande Assembleia da Aliança dos Guardiões da Mãe Natureza significa a oportunidade de dar visibilidade à importância do reconhecimento da história e práticas dos povos indígenas na preservação do ambiente. “Em nossas terras, e em todo o mundo, o extrativismo de gás, de óleo e de minérios está causando mortes, doenças e desequilíbrios ambientas que atingem toda a humanidade. Precisamos reconhecer a sabedoria das práticas dos povos ancestrais que priorizam a vida e o equilíbrio entre os seres humanos e a natureza, e não o consumo, o lucro, a competitividade”, explica Casey Camp-Horinek. Já O presidente da Federação do Povo Huni Kui do Acre, Ninawa Huni Kui, destaca que o encontro é a concretização de um chamado dos espíritos, que por meio dos guardiões da mãe natureza estão mostrando a necessidade de ser fazer uma aliança global para garantir esperança para as futuras gerações. “Precisamos que todo o mundo, todas as pessoas, não apenas os governantes, compreendam a necessidade de mudança de comportamento com relação à natureza e também o respeito às tradições indígenas, pois somos reconhecidamente os povos que preservam e vivem em equilíbrio com a terra, a água, os animais”, afirma Ninawa. FONTE: Assessoria de Comunicação - Lívia Barreto