Danilo Macedo* - Repórter da Agência Brasil
Brasília - Entidades representantes do setor de produção agropecuária e parlamentares da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados avaliam como positiva a proposta de renegociação da dívida rural apresentada ontem (25) à noite pelo governo. Dos R$ 87,5 bilhões em débitos vencidos e a vencer estimados pela equipe econômica, o governo pretende repactuar até R$ 56,3 bilhões.
Esses representantes, no entanto, consideram que ainda há pontos a serem estruturados e que o governo deve ceder mais, reconhecendo o papel do agronegócio no crescimento do país. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), presidente da Comissão de Agricultura, informou que está marcada para as 10h de amanhã (27) uma reunião técnica no Ministério da Fazenda, a fim de discutir soluções para pontos ainda divergentes, levantadas pela comissão.
"O grosso dessa dívida vence nos próximos quatro anos e é evidente que a produção rural não tem condição de pagar mais de R$ 20 bilhões nesse período. Deve haver um alongamento disso para, efetivamente, obter aquilo que o governo quer: a adimplência dos produtores e a capacidade de eles voltarem a tomar o crédito rural, a ampliar a área de plantio, a incorporar cada vez mais e melhores tecnologias, e a aumentar o volume de produção", afirmou Lorenzoni.
O diretor de política agrícola da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Antoninho Rovaris, disse que a proposta do governo contempla, em parte, as reivindicações dos pequenos produtores, mas precisa evoluir em pontos fundamentais.
"É preciso um avanço significativo nesse processo de renegociação para que, definitivamente, dê condições aos agricultores, especialmente os familiares e assentados, de honrar seus compromissos com a rede bancária. Cerca de 50 mil contratos da agricultura familiar ficariam fora do processo de renegociação e entendemos que o governo precisa ter uma ação mais concreta sobre isso", afirmou Rovaris.
Já o presidente da Comissão Nacional de Endividamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), deputado Homero Pereira (PR-MT), destacou como ponto mais relevante da proposta a boa vontade do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de manter um canal aberto de negociações.
Em alguns pontos, como as linhas de crédito para custeio e investimentos, entretanto, "a proposta foi muito acanhada, muito aquém das expectativas", comentou.
Lorenzoni também confirmou para as 18h30 de segunda-feira a reunião de apresentação da proposta final de renegociação da dívida agrícola. E disse que o governo deve ter sensibilidade com o setor, pois ele "capitaneou e liderou toda a evolução que o Brasil teve nos últimos anos".
*Colaborou Felipe Linhares, da Agência Brasil FONTE: Agência Brasil ? DF