No ano de 2002 os agricultores do assentamento Lajedo do Mocotó, em Águas Belas (Pernambuco) receberam um pedaço de terra, R$ 2.600 mil e mais nada. Dez anos se passaram “Entramos na terra e foi só isso. Nada mais saiu para nós até agora. Estamos aguardando”. Com essas palavras o assentado José Adeilson resume a quantas anda a reforma agrária no país. Ele tem 34 anos, é casado, tem dois filhos e é filiado ao Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Águas Belas. No seu assentamento, só se consegue plantar milho e feijão e mais nada. “Além da seca que assola nossa região, não temos assistência técnica e nem liberação de crédito para o fortalecimento de nossa produção. Estamos aguardando há cinco anos. Dizem que existe crédito na conta da associação, mas não vimos ainda a cor desse dinheiro”, desabafa Adeilson.
No assentamento Lajedo do Mocotó vivem 33 famílias e todos moram em barracos de barro. Escola então para as crianças, nem pensar. Se quiserem estudar precisam caminhar 4 km por dia para chegar à sala de aula mais próxima. O posto de saúde fica a 8 km de distância do local. O hospital, em caso de urgência, está a 23 km. Mas, essa não é a realidade apenas do assentamento pernambucano. Em todo o país a mesma história se repete e é contada agora por todos os assentados da reforma agrária que participam do Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, que acontece desde segunda (21) no Parque de Exposições de Brasília, reunindo cerca de 7 mil dirigentes sindicais de todo o país. O encontro é coordenado pelos movimentos sociais que lutam pela terra e pelo desenvolvimento sustentável do campo, com o objetivo de formular um programa único de ações voltadas ao desenvolvimento rural e que sirva como contraponto ao agronegócio. “Viemos aqui (a Brasília) na esperança de que a reforma agrária ande e que as coisas que nós precisamos sejam liberadas” diz, agora com alguma esperança, José Adeilson. FONTE: Imprensa Contag - Maria do Carmo de Andrade Lima