A despeito da afirmação, Khotari insiste que não recebeu respostas. "A atitude do governo está sendo muito negativa. Ignorar nossos pedidos de explicação não resolve nada", atacou. Segundo ele, depois de denúncias de que os kaiowás estavam sendo expulsos de suas terras por fazendeiros locais, o órgão pediu, em novembro do ano passado, explicações ao Brasil. Pelas informações obtidas pela ONU, os latifundiários da região chegaram a contratar seguranças privados para tentar expulsar os índios da área, que havia sido reconhecida oficialmente pela Fundação Nacional do Índio (Funai) em 2005.
O estopim da violência teria se dado em outubro de 2007, um mês antes do pedido de explicação feito pela ONU. Segundo as denúncias relatadas ao órgão, os agentes de segurança privada teriam tentado estuprar líderes da comunidade indígena. Há informação, ainda, de que a própria polícia local também teria violentado membros da tribo.
Outro questionamento ignorado pelo governo brasileiro, segundo Khotari, foi sobre a ocupação de fazendeiros na reserva Raposa Serra do Sol. Homologada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em abril de 2005, a Raposa foi festejada na época como a mais notável intervenção de seu governo a favor dos índios. O ato beneficiaria cerca de 18,7 mil indígenas, dos povos patamona, uapixana, taurepangue, macuxi e ingaricó. O problema, agora, é a permanência de empresas agropecuárias no local. Os representantes dessas empresas contestam a demarcação. Eles propõem que uma fatia da área seja destinada à produção de arroz. FONTE: Correio Braziliense ? DF