Español   /   English   /   中国人   /   Français   /   Deutsch Arrecadação  /   SisCONTAG  /   Guias  /   Webmail  /   Eventos  /   Todos os sistemas  /   Login
               
 
 
MEIO AMBIENTE
Queimadas: o Brasil arde em chamas
WhatsApp

31 de Agosto de 2020


Paulo Francis
TEMAS RELACIONADOS:
meio ambiente

A questão ambiental do Brasil tornou-se pauta do dia e urgente, não da agenda governamental nacional de incentivo à proteção ao meio ambiente, mas dos meios de comunicação nacional e internacional, tendo como destaque o aumento das queimadas na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal, que ardem em chamas, devido aos inúmeros incêndios provocados pela ação humana, e em grande parte, criminosos.

Dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologias e Inovações, que tem como objetivo, dentre outros, monitorar o clima e as mudanças climáticas, comprovam um aumento significativo no número de focos de queimadas no Brasil.

Segundo o INPE, em 2018 foram 49.401; em 2019 totalizam 87.256, e em 2020, somente no período de 01/jan a 29/08/2020* os focos de queimadas no país já somam 86.909, dados que subsidiam o que ambientalistas e diversos entidades não governamentais vêm denunciando: que o atual Governo fechou os olhos à degradação ambiental, com destaque à questão das queimadas, que “correm soltas”, e de enfraquecimento dos órgãos de fiscalização, a exemplo do IBAMA e do ICMBio, que tornaram-se sem eficácia, inoperantes, e a cada dia mais sucateados.

* http://queimadas.dgi.inpe.br/queimadas/portal-static/situacao-atual/

Tudo isso nos leva a crer que há uma agenda “oculta”, em curso, implementada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), endossada pelo presidente da república, de favorecimento ao agronegócio, de madeireiros, de garimpos e mineradoras (ilegais), e de grileiros de terra pública, tudo sob a narrativa de que os biomas precisam ser explorados em nome do desenvolvimento econômico.

Foto: Chico Ribeiro

O Governo conduz a política ambiental à base do “negacionismo” à ciência, é como se os números não existissem, apesar de que o próprio INPE tabula dados demonstrando o significativo avanço das queimadas nos últimos dois anos, e que tal fato influencia drasticamente no regime de chuvas e nas mudanças climáticas. Ocorre que, enquanto o Governo fica nessa guerra entre negacionismo x ciência, a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal continuam sob ataque do fogo. Nesse contexto, o MMA segue fechando os olhos à expansão das fronteiras agrícolas em direção ao cerrado, a Amazônia Legal, inclusive às áreas nativas desmatadas, sendo que é fato de que as queimadas, principalmente na Amazônia, estão diretamente relacionadas ao desmatamento.

Pressionado pela repercussão internacional da degradação ambiental efetivada através das queimadas na Amazônia, e ainda pelo Agronegócio, que vem sofrendo boicote de parte de países europeus na aquisição de produtos agropecuários brasileiros, o Presidente Bolsonaro assinou o Decreto 10.424 de 15/07/2020, suspendendo por 04 meses as queimadas em todo o território nacional, inclusive as controladas, entretanto, o decreto demonstra ser uma resposta inócua às cobranças da comunidade internacional, mas, na prática, tem se mostrado ineficaz, letra-morta, visto o número de focos de calor apontados pelo INPE.

Há de se dizer que há pouca dotação orçamentária aprovada pelos Governos Federal, Estaduais ou Municipais para ações de prevenção, e de combate ao desmatamento e as queimadas. Apesar do orçamento total de R$ 1,75 bilhão do IBAMA, um montante muito menor, de apenas de R$ 76,1 milhões é destinado a ações de fiscalização contra as queimadas e o desmatamento, dinheiro já gasto do primeiro semestre de 2020, e apesar da injeção de R$ 50 milhões, recuperados da Petrobrás pela operação Lava Jato, ainda assim é insuficiente para a realização de um trabalho eficaz nessa área. Essa baixa no caixa do IBAMA é reflexo ainda da queda dos recursos de fundos específicos, a exemplo do fundo do clima e das multas, que acabaram sendo deixados de lado. Houve uma redução no número de multas aplicadas em mais de 50% entre o primeiro semestre de 2019 a 2020.

Tende a piorar!

Para 2021 a situação tende a piorar, pois já há rumores nos bastidores do poder executivo de que a ordem é cortar 20% do orçamento do MMA, o que se configura em uma estratégia governamental que deliberadamente visa enfraquecer a proteção ambiental no Brasil, conclusão a que se chega não só pela questão financeira dos órgãos de fiscalização, mas também por decisões do Ministro Ricardo Salles, como as exonerações de coordenadores de fiscalização do IBAMA após a execução de operações bem sucedidas em terras indígenas, a redução do número de horas de servidores que podem se dedicar a atividade de campo [como a fiscalização ambiental], lembrando que ao assumir o MMA, o ministro Salles removeu os superintendes do IBAMA em 21 dos 26 Estados brasileiros, sendo que os cargos ficaram desocupados durantes meses, desarticulando o trabalho do órgão.

É tudo muito perverso, danoso e triste. As questões ambientais não estão na agenda governamental com fins de fiscalizar, preservar, reflorestar, enfim, de incentivos às práticas de uso sustentável do meio ambiente. Basta ver o que acontece, nossos biomas queimam, e as consequências são devastadoras, com a perda da biodiversidade, a erosão e empobrecimento dos solos, a devastação das florestas, só para citar alguns dos problemas que precisam ser enfrentados pelo MMA, contudo, o ministro Salles não apresenta uma agenda concreta de enfretamento dos problemas ambientais.

Foto: Chico Ribeiro

Vale ainda lembrar que as queimadas também impactam fortemente na economia regional, uma vez que dificultam o escoamento da produção e causam acidentes nas estradas devido à fumaça, bem como aumentam a emissão de gases de efeito estufa. É ainda uma ameaça à saúde pública, pois a fumaça contém vários elementos tóxicos, que inalados pela população, causam alergias, chegam ao sangue, que por sua vez é responsável pelo transporte de oxigênio para as células e tecidos do corpo, atingem diretamente os pulmões, enfim, causam o adoecimento da população. Queimadas e fumaça que são ainda mais danosas nesse período de pandemia, visto que o coronavírus (Covid-19) afeta principalmente o pulmão de quem foi infectado.

Conter as queimadas é um problema que envolve diversos fatores, a exemplo da conscientização do homem, pois grande parte dos incêndios ainda é provocada voluntariamente, mas também é necessário que o Ministério do Meio Ambiente implemente políticas públicas concretas, que mantenham as áreas verdes, e intensifique as fiscalizações, pois as pessoas precisam da natureza para viver.

Quanto a nós, da CONTAG, Federações e Sindicatos filiados, e dos movimentos sociais e sindical, ambientalistas e da sociedade civil organizada, precisamos nos indignar e combater essa situação, e abrir um amplo processo de debate sobre a questão das queimadas, identificar formas de luta que contribuam para apresentarmos alternativas que confrontem a destruição da humanidade e do meio ambiente.

FONTE: Rosmarí Malheiros, secretária de Meio Ambiente da CONTAG



WhatsApp


CONTEÚDOS RELACIONADOS



Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares
SMPW Quadra 01 Conjunto 02 Lote 02
Núcleo Bandeirante/DF
CEP 71.735-102

(61) 2102 2288 | Fax (61) 2102 2299
secretariageral@contag.org.br

Horário de Funcionamento:
8h30 às 12h e 14h às 18h
A CONTAG é filiada à:
Secretarias
Presidência
Vice-presidência e Relações Internacionais
Secretaria Geral
Finanças e Administração
Política Agrária
Política Agrícola
Meio Ambiente
Políticas Sociais
Formação e Organização Sindical
Mulheres Trabalhadoras Rurais
Jovens Trabalhadores(as) Rurais
Trabalhadores(as) da Terceira Idade
Comunicação
Política Nacional de Comunicação
A Assessoria de Comunicação
Comunicação Visual
Bandeiras de luta
Fortalecimento da Agricultura Familiar
Acesso à terra e reforma agrária
Políticas públicas estruturantes
Políticas Sociais para o meio rural
Paridade de gênero
Sucessão Rural
Fortalecimento dos sujeitos do campo, floresta e águas
Agroecologia
Preservação e conservação ambiental
Combate à violência no campo
Direitos dos Assalariados/as Rurais
Mobilizações
Grito da Terra Brasil
Marcha das Margaridas
Festival Nacional da Juventude Rural
Festival Juventude Rural Conectada
Encontro Nacional de Formação (ENAFOR)
Plenária Nacional da Terceira Idade
Sistemas
SisCONTAG
ARRECADAÇÃO
GUIAS E CONTRIBUIÇÕES
WEBMAIL
SISTEMA DE EVENTOS
INTRANET
JOVEM SABER
LEGISLATIVO
EDITAIS
REFORMA AGRÁRIA
Campanhas Institucionais
Campanha Nacional de Sindicalização – Sindicato de Portas Abertas
Reforma Agrária: nossa luta vale a pena
Década da Agricultura Familiar
Raízes se formam no campo – Educação Pública e do Campo é um direito nosso
Campanha contra a Grilagem
Em defesa da Previdência Social Rural
Plano Sustentar
Cuidados com o Coronavírus
Campanha pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico