Evandro Fadel
Parte da população de Guaíra, a cerca de 640 quilômetros de Curitiba, no noroeste do Paraná, fechou, entre as 8 e 16 horas de ontem, a Ponte Ayrton Senna, que liga a cidade a Mundo Novo (MS). Pelo local passam diariamente cerca de 2.700 veículos, muitos deles transportando a safra agrícola do Centro-Oeste do País e do Paraguai para o Porto de Paranaguá. Os manifestantes protestavam contra a violência na cidade paranaense e a falta de pagamento de indenização aos pescadores, que alegam prejuízo com a abertura de um canal em 1996 para a construção de uma hidrovia.
Segundo o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Guaíra, Jair Schllemer, a intenção era manter o fechamento por tempo indeterminado, mas o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) conseguiu liminar determinando a liberação do local. "Achamos melhor acatar na hora a decisão." Ele pretende reunir representantes de entidades civis para decidir os próximos passos do movimento.
Schllemer citou um relatório da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), divulgado recentemente, que apontou a cidade como a sétima do País e a segunda do Paraná em número de homicídios em relação aos habitantes. "Estamos implorando pela segurança. Infelizmente, chegamos ao extremo de fechar a ponte, mas tudo é motivado pelo desespero." Segundo a Polícia Militar, no ano passado foram 28 homicídios em uma população de cerca de 28 mil habitantes.
Os pescadores uniram-se ao protesto para cobrar o pagamento da indenização prometida pelo governo estadual em 1996, quando foram destruídas rochas submersas a fim de tornar o rio navegável. Como se previa que o impacto ambiental seria grande, eles entraram com ação civil pública. A Justiça determinou que o governo estadual pague R$ 9,5 milhões por causa da redução na pesca. "Esta é a quinta vez que fazemos um protesto", disse o presidente da Colônia de Pescadores Zona 13, José Cirineu Machado. "Antes era para pedir nossos direitos, agora é para que se cumpram os direitos." A colônia reúne 352 famílias.
A assessoria da Secretaria de Estado dos Transportes informou que a questão da indenização ainda está em discussão judicial. Já a Secretaria da Segurança Pública disse que trabalha "com prioridade" nas regiões de fronteira que, pela posição geográfica, sofrem mais as conseqüências do tráfico e do contrabando.
De acordo com a secretaria, o número de homicídios em Foz do Iguaçu baixou de 303 em 2006 para 266 em 2007. Sobre a pesquisa da Ritla, a secretaria diz que o Estado "paga mais uma vez por ter um banco de dados padronizado e eficaz". FONTE: Estado de São Paulo ? SP