Um acordo firmado entre o Estado brasileiro, o Banco Mundial, a ONG brasileira FunBio e a ONG internacional Conservation Internacional (CI) está sendo amplamente divulgado pelo governo e pela mídia, além de ter contado com o palco do Rock in Rio em setembro do ano passado. Anunciado como o “maior projeto de reflorestamento da história”, contará com o investimento no Brasil de US$ 60 milhões do Global Environment Facility (GEF) em troca da criação de 3 milhões de hectares de novas Unidades de Conservação na Amazônia nos próximos cinco anos.
O projeto é conhecido como Triplo A, uma tentativa de criar um corredor de áreas protegidas e soberania relativa na calha norte do Rio Amazonas ligando o Pacífico ao Atlântico. Esse projeto foi rebatizado recentemente de "Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia".
A iniciativa não é ruim, segundo análise da CONTAG, mas, “a nossa grande crítica está no fato de que, mais importante do que recuperar é zerar o desmatamento, que está cada vez mais crescendo. Infelizmente, no atual momento, o setor ruralista está se aproveitando da brecha do ‘novo Código Florestal’, que anistiou desmatamentos anteriores e flexibilizou restrições, principalmente a área de reserva legal, entre outros pontos, e continua desmatando, contando com o poder econômico e a influência política”, alerta a secretária de Meio Ambiente da CONTAG, Rosmarí Malheiros.
Outra preocupação levantada pela dirigente diz respeito aos conflitos que podem ser gerados com relação ao direito de propriedade. “Essa é uma região com muitos conflitos por conta das terras e dos bens minerais e florestais, envolvendo os diversos sujeitos, como indígenas, comunidades ribeirinhas, trabalhadores(as) rurais, madeireiros e latifundiários”, ressalta Rose.
O projeto prevê recuperar 30 mil hectares e devolver 73 milhões de árvores à floresta brasileira até 2023. A previsão é de que as ações sejam intensificadas em 2018. A proposta parece ousada, mas, na verdade, esse projeto de reflorestamento não contempla nem 5% do que se desmata anualmente na Amazônia.
Uma área de, pelo menos, 4 milhões de hectares, equivalente ao tamanho da Suíça, foi desmatada na Amazônia nas últimas décadas e essa degradação, segundo especialistas, criou um passivo difícil de ser reduzido, apesar de todos os esforços.
Mesmo com a recuperação proposta por este projeto, o Brasil não pode perder de vista a meta assumida no Acordo de Paris para até 2030. O Brasil quer restaurar 12 milhões de hectares de vegetação, até 2030 - número que corresponde a 60% dos 20 milhões de hectares estimados como passivo. A meta brasileira é chegar ao ano 2025 com emissões de gases 37% menores que em 2005 e alcançar 43% de queda em 2030. FONTE: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Verônica Tozzi