Da equipe do Correio
A combinação de clima favorável e aumento de produtividade nunca fez tão bem à agricultura brasileira. Projeções divulgadas ontem pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que a safra de grãos neste ano deverá superar a marca de 139 milhões de toneladas, recorde absoluto em volume desde que o levantamento começou a ser realizado no país. Em 2007, foram colhidos aproximadamente 132 milhões de toneladas. A colheita deste ano está em ritmo acelerado nos principais estados produtores.
A prova de que os agricultores estão mesmo confiantes é que tanto o IBGE como a Conab identificaram aumento na área plantada total. As lavouras, conforme as pesquisas, ocupam cerca de 46 milhões de hectares. De acordo com o IBGE, a produção será liderada pela Região Sul, seguida por Centro-Oeste, Sudeste, Nordeste e Norte. Analistas acreditam que os bons preços internacionais de algumas commodities agrícolas aumentaram o interesse dos produtores, que decidiram plantar mais e utilizar áreas ociosas das fazendas.
Entre os destaques estão a soja e o milho, duas das culturas mais valorizadas no mercado internacional atualmente. Por causa do avanço dos biocombustíveis, as cotações desses grãos subiram em todo o mundo. O mercado interno também está aquecido. Resultado: aumento na área plantada e na produção. Só em soja, o Brasil colherá, de acordo com a Conab, 59,6 milhões de toneladas. De milho, ainda conforme a companhia, serão 55,3 milhões de toneladas.
Nem todas as previsões que brotam no campo, porém, são positivas. É o caso do feijão, por exemplo. Segundo o IBGE, haverá queda na produção devido a problemas climáticos em estados como Ceará, Bahia e Minas Gerais. Com isso, o preço tende a seguir em alta nos supermercados, apertando ainda mais o orçamento familiar. Ontem, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que o produto deverá ficar mais barato a partir de abril. A saca de feijão vem sendo comercializada entre R$ 140 e R$ 150 e, pelas expectativas do governo, vão baixar para menos de R$ 100 no próximo mês.
Carne
Demonstrando tranqüilidade, Stephanes disse ainda que as falhas que motivaram a União Européia (UE) a suspender a compra de carne bovina do Brasil em fevereiro já foram corrigidas. Parlamentares que integram a bancada ruralista no Congresso Nacional ameaçam questionar na Justiça a lista de 106 fazendas consideradas pela UE como aptas a exportar. Uma missão estrangeira continua no país realizando vistorias in loco nas propriedades.
De acordo com o ministro da Agricultura, tratar desse assunto nos tribunais não é adequado. "Quem entrar na Justiça vai perder tempo. Vai dar trabalho aos juízes", resumiu. Os veterinários europeus visitaram fazendas em Goiás, Espírito Santo e Mato Grosso. Nesta semana, uma das equipes está em Minas Gerais. Nos próximos dias, os inspetores seguirão para o Rio Grande do Sul. Ao final desse processo de auditoria, o governo brasileiro pretende propor à UE a flexibilização do sistema de rastreamento bovino, conhecido como Sisbov. FONTE: Correio Braziliense ? DF