Henrique Gomes Batista - O Globo
BRASÍLIA - A constatação de irregularidades em duas cooperativas de Minas Gerais, que adicionavam soda cáustica e água oxigenada ao leite, pode comprometer as incipientes e promissoras exportações brasileiras de lácteos, segundo representantes dos produtores que participaram nesta terça-feira de um seminário na sede da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Produtores e técnicos do governo afirmaram, no entanto, que assim que forem resolvidos os prováveis danos à imagem do país, o Brasil poderá aumentar sua participação - atualmente de US$ 200 milhões - no mercado mundial de lácteos, que movimenta US$ 40 bilhões ao ano.
- O caso da soda é tão grave para o Brasil como foram os casos isolados de febre aftosa (surgidos no final de 2005 no Paraná e no Mato Grosso do Sul) - afirmou Wellington Silveira de Oliveira Braga, presidente da Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce, que produz o leite Ibituruna e exporta queijo aos Estados Unidos.
Braga, que pretende expandir a venda ao exterior e está adquirindo uma fábrica de leite em pó visando o mercado externo, sabe que os concorrentes utilizarão esse caso para afetar a imagem do produto brasileiro. Ele recomendou que o governo e os produtores ajam rápido para mostrar que se trata de um caso isolado e que o país possui uma fiscalização eficiente.
Daniel Amim Ferraz, secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, afirmou que, apesar desse caso isolado, o país tem um grande potencial no mercado externo. Ele acredita que essa percepção já é sentida no país, mas que precisa ficar clara para os consumidores nacionais e estrangeiros, que então poderão ampliar a compra de produtos do Brasil.
- Exportamos por ano apenas US$ 200 milhões em um mercado que ultrapassa US$ 40 bilhões - afirmou.
Em sua opinião, os produtores precisam se organizar para obter o mercado externo.
- Podemos repetir o que ocorreu com a carne. De forma organizada, os produtores conseguiram um salto nas exportações - disse Ferraz.
Welson Souto Oliveira, presidente da Associação Brasileira das Pequenas e Médias Cooperativas de Lacticínio (G-100, por reunir cerca de 100 mil pequenos produtores, de um universo de um milhão de agroempresários), acredita que o país vai sobreviver a esta crise e exportar cada vez mais. Ele sabe, contudo, que em um primeiro momento este caso de adulteração trará problemas para os produtores nacionais:
- Tivemos no nosso workshop representantes do México que afirmaram que pretendem comprar mais produtos brasileiros assim que ficar claro que a situação sanitária do Brasil é boa. FONTE: Globo Online ? RJ