da Folha Online
Hoje na Folha O presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Rolf Hackbart, usou irregularmente o cartão de crédito corporativo do governo federal para pagar contas em restaurantes em Brasília e para fazer compras em um mercado para celebrar o "aniversariante do mês" no órgão, informa reportagem publicada na edição desta quarta-feira da Folha, assinada pelo jornalista Silvio Navarro (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).
Segundo a reportagem, os gastos foram feitos entre outubro de 2004 e março de 2006. A partir de abril de 2006, ele teria desistido de usar o cartão porque, segundo sua assessoria, avaliou que as regras de uso eram incertas.
À reportagem, Hackbart não quis dar entrevista para comentar o caso, mas informou, por meio de sua assessoria, que pagava a conta nos restaurantes porque estava cumprindo agenda oficial.
Ministros
Na última semana, Matilde Ribeiro anunciou a saída da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial após ser acusada de usar irregularmente o cartão corporativo do governo.
Em 2007, as despesas de Matilde com o cartão corporativo somaram R$ 171 mil. Desse total, ela gastou R$ 110 mil com o aluguel de carros e mais de R$ 5.000 em restaurantes, além de ter feito compra em um free shop.
No sábado, outro ministro, Orlando Silva (Esportes), anunciou que devolverá cerca de R$ 30 mil por gastos em seu cartão. Esse seria o valor equivalente ao que foi gasto desde que ele assumiu o ministério, em março de 2006.
O ministro da Pesca, Altemir Gregolin, também está sob suspeita. A fatura do cartão dele registra o pagamento de uma conta de R$ 512,60 de um almoço com uma comitiva chinesa em uma churrascaria de Brasília.
Reportagem de anteontem da Folha informa que um segurança pessoal de Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha do presidente Lula, gastou quase R$ 55 mil nos últimos nove meses usando um cartão de crédito corporativo do governo.
Segundo a reportagem, os gastos foram realizados em lojas de autopeças, materiais de construção e de ferragens, supermercados, livrarias, combustível e em uma casa de venda de munição. Os gastos foram feitos no cartão da Secretaria de Administração do Planalto cedido a "João Roberto F Jr" --identificado pelo CPF como João Roberto Fernandes Júnior.
Mudanças
As denúncias fizeram com que o governo federal tivesse de restringir os gastos com os cartões corporativos.
Entre as medidas anunciadas está a proibição de saques em dinheiro para pagamento de despesas cobertas pelo cartão, com exceção dos "órgãos essenciais" da Presidência da República, vice-presidência, e ministérios da Saúde e Fazenda, Polícia Federal e escritórios do Ministério das Relações Exteriores fora do país. Despesas de caráter sigiloso também não foram incluídas na proibição.
As novas regras prevêem também que ministros poderão autorizar o saque de 30% do limite, o que precisará ser justificado.
Os gastos com o cartão corporativo somaram R$ 75,6 milhões em 2007 --mais que o dobro que no ano anterior (R$ 33 milhões). Do montante gasto por ministros e servidores com o cartão, mais da metade (R$ 45 milhões) foi sacada em dinheiro. FONTE: Folha Online ? SP