Quem espera comemorar os festejos juninos com pamonha e canjica poderá pagar mais caro este ano pelo ingrediente principal das comidas típicas: o milho. O inverno que alagou as principais regiões agrícolas de subsistência no Estado - Vale do Assu e Vale do Apodi - trouxe prejuízos de até 40% na safra deste ciclo, de acordo com José Gilberto da Silva, assessor técnico da Fetarn (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RN). "Cerca de 12 mil famílias estão sem moradia, perderam a plantação e precisam de ajuda para conseguir driblar os prejuízos, incluindo o pagamento dos financiamentos junto aos Bancos do Brasil e do Nordeste".
"As plantações que se salvaram perderam em qualidade, porque as espigas foram colhidas precocemente, antes do ciclo de 90 dias, e incharam menos". Ele acredita que pelo menos 20% das famílias atingidas pelas chuvas tenham tentado uma replantação, mas que poucos poderão obter sucesso. "Depois de julho, fica difícil conseguir concluir o ciclo, porque termina o inverno". Gilberto disse ainda que a Fetarn não calculou o prejuízo financeiro da safra perdida. "Estamos voltados para resolver a situação das 25 mil pessoas que estão desabrigadas e sem terra para trabalhar. Tivemos duas audiências com o Governo do Estado, ocasião em que entregamos um relatório com a situação dos agricultores. Por enquanto, o Governo do RN está fornecendo cestas básicas para os desabrigados, e aguardamos uma medida provisória do Governo Federal para a liberação de recursos destinados a essas pessoas".
Na feira das Rocas, realizada às segundas-feiras, a mão do milho, que equivale a 50 espigas, pode ser encontrada entre R$20 e R$25, dependendo da qualidade do produto: quanto maior, mais cara. Em 2007, os feirantes chegaram a vender por até R$15 a mão, o que representa um reajuste médio de mais de 30%. Mas na feira, a pesquisa de preços e pechincha podem fazer a diferença na hora de comprar. "A chuva atrapalhou, mas não quanto esperávamos, achei que não ia nem ter milho. Dá para fazer 3 ou 4 espigas a R$1", disse o feirante João Batista. O cliente dele, Antônio Barbosa, acredita que no mesmo período do ano passado, era possível levar mais espigas pelo mesmo valor.
De acordo com o feirante José Walter Fonseca, as espigas de milho menores são mais baratas porque estão incompletas e verdes, servindo apenas para preparar alimentos como pamonha e curau. "Não dá para assar, só as espigas grandes. Peguei milho até do Ceará". Os feirantes explicam que é comum na semana de São João, os preços baixarem, mas não souberam especificar o valor, porque dependerá da procura.
De acordo com o técnico da Fetarn, os locais que não foram atingidos não possuem mecanização avançada na plantação e colheita, além de serem mais distantes da capital. "O transporte mais longo, de Caicó, por exemplo, e mão de obra utilizada para colheita, vão interferir no preço final".
Ambulantes esperam um aumento nas vendasOs ambulantes das tradicionais barracas com vestuário e artigos juninos que se instalam na Avenida Antônio Basílio, Lagoa Nova, iniciaram as vendas em 02 de junho e aguardam grande movimento a partir da semana que vem, nos dias que antecedem os festejos de São João e São Pedro. De acordo com Lucimar da Silva, alguns comerciantes confeccionaram menos vestidos, devido ao impasse com a Semsur (Secretaria Municipal de Serviços Urbanos) que queria relocar os comerciantes para as adjacências do Machadão. "Graças a Deus pudemos expor aqui, porque nosso ponto já é conhecido pelos clientes. Atendo em média, 500 pessoas por dia". Ela explica que os vestidos típicos são vendidos a partir de R$50. De acordo com Heriberto Aquino, outro ambulante do canteiro, "o produto que tem mais saída é o chumbinho, com preços a partir de R$3, o pacote com dez caixinhas". Os chapéus de palha podem ser encontrados a partir de R$2,50 e variam de acordo com os acessórios, como tranças e fitas.
O Serviço Técnico de Engenharia do Corpo de Bombeiros iniciou na manhã de ontem, uma fiscalização das barracas, mas a operação teve que ser interrompida para priorizar os imóveis em risco devido às fortes chuvas que iniciaram no domingo. O laudo ainda não tem data para ser concluído e posteriormente, deverá ser entregue à Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur). A equipe, coordenada pelo Tenente Silva, adiantou que foram encontradas irregularidades, como distância entre as barracas inferior a cinco metros, ausência de extintores e apenas duas armações possuíam luz de emergência, conforme prevê a regulamentação para este tipo de exposição. FONTE: Tribuna do Norte/RN - 10/06/2008