A Secretaria Municipal de Agricultura (Safra) conclui esta semana o ciclo de encontros com produtores rurais para iniciar na próxima segunda-feira, 12, a terceira edição do Programa Compra Direta Local da Agricultura Familiar em Rio Branco. O Compra Direta é uma parceria da prefeitura de Rio Branco com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para fortalecer a produção agrícola e garantir alimentação de qualidade às pessoas atendidas por entidades assistenciais.
Desde 2006, mais de 250 famílias já foram beneficiados pelo projeto, que compra a preço justo frutas legumes, verduras, grãos, entre outros alimentos, diretamente dos produtores rurais. A Prefeitura compra dos produtores para incentivar e fortalecer a agricultura familiar e doa os alimentos a 15 entidades sociais que atendem, por exemplo, dependentes químicos, crianças e idosos. A coordenadora Mayara Galdino descreve de forma simples e bonita a filosofia do projeto:
"É comprar de quem precisa para doar a quem precisa", falava ela aos produtores dos ramais Peladeira e Cai n`Água, localizados na altura no quilômetro 40 da Transacreana, durante encontro com eles para dar detalhes de como funciona o programa. O grupo assistia atento às explicações da coordenadora, decidindo junto com ela e outro técnico da Safra de como será feito o escoamento nas suas comunidades. Mayara diz que o processo de decisão compartilhada é o mesmo em todas as comunidades.
Manoel da Cunha Ferreira, 52 anos, e José de Araújo, 40, moram no ramal Cai n`Água e produzem em abundância milho, mandioca, frutas e legumes. Garantiram a venda desses produtos que segundo eles sempre se perdem por problemas de escoamento. Felizes em participar do programa que vai garantir comida de qualidade na mesa de quem não pode pagar, dizem ser a primeira vez que em um incentivo como esse:
"Para nós é muito bom esse programa chegar até aqui porque nunca tivemos um incentivo desses e isso com certeza vai nos colocar para frente. É uma garantia de venda que a gente tem", comemora Manoel da Cunha, que integra o grupo de 20 famílias dos ramais da Transacreana que pela primeira vez participam do projeto. A iniciativa partiu dos próprios produtores e a Safra atendeu ao pedido.
Confiança e credibilidade
Mayara ressalta que a atitude dos produtores da Transacreana é resultado da credibilidade adquirida desde 2006, quando o Compra Direta iniciou em Rio Branco.
"Ganhamos muita credibilidade entre os produtores, que agora eles mesmos nos procuram. Com isso ampliamos para mais comunidades. O projeto é muito bonito porque tem diversas ramificações: fortalece a agricultura familiar, o cooperativismo, a questão social,", ratifica.
O presidente da Associação de Produtores Rurais São João e Cai n`Água, Benedito Vieira, disse que através de outros produtores tomaram conhecimento do benefício que Compra Direta estava levando a muitas comunidade, por isso os produtores procuraram a associação para que ele como presidente levasse o interesse deles até a Safra:
"Eu acho fundamental esse espaço que a Prefeitura está dando para a agricultura. Para nós aqui é ótimo porque a gente não tinha a oportunidade de vender essa variedade de produtos, muitos a gente plantava só para comer e manter a terra", fala, entusiasmado, Benedito sobre o fato deles terem mercado para produtos como pupunha, milho verde, melão, inhame, que passaram a fazer parte da lista de produtos de interesse da Secretaria de Agricultura, pois o programa propõe que alimentação seja enriquecida com produtos locais de alto teor nutritivo para fortalecer e valorizar o que se planta na agricultura familiar local. São mais de 50 tipos de produtos de interesse, o qual se amplia também de acordo com a oferta de quem planta; a variedade começa pela velha conhecida chicória, passando pelo buriti, couve, açúcar mascavo, queijo, feijão, banana, até chegar a galinha caipira.
Cadeia alimentar
O Compra Direta faz parte de uma bem tecida rede de quatro projetos que formam o Programa de Segurança Alimentar. Trata-se de uma parceria do Governo Federal com a Prefeituras para diminuir a fome no país e o desperdício de comida. Para executar nos municípios, as prefeituras devem apresentar e aprovar o projeto, e a Prefeitura de Rio Branco aprovou os quatro: Vazios Urbanos, que transforma áreas abandonadas em hortas comunitárias; o Compra Direta, o Banco de alimentos, que armazena os produtos adquiridos, e o Restaurante Popular, preste a ser inaugurado e que vai ser uma das entidades a receber os alimentos do Compra Direta.
Este ano o Compra Direta ampliou em todos os números. Saiu de R$ 360 no ano passado para R$ 560 mil este ano, e o número de famílias que irá vender seus produtos passou de 140 para 152, espalhadas em 17 comunidades. O limite de venda também ampliou. Cada família tem direito a vender até R$ 3.500,00. Ano passado era R$ 2.500,00. FONTE: Jornal Página 20/AC - 08/05/2008