Criciúma - A prefeitura de Criciúma analisa a viabilidade da implantação de uma usina de biodiesel no município. Para entender o processo e elaborar um projeto para o empreendimento deste porte, o secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Amilton Guidi - acompanhado do engenheiro químico do setor de Projetos Ambientais da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), José Alfredo Dallarmin da Costa - foi até Indaiatuba, em São Paulo, onde funciona há dois anos uma usina piloto, pioneira, no mundo, com produção diária de 1000 litros desse tipo de combustível, que tem como matéria-prima o óleo de cozinha usado.
Eles foram recebidos pelo coordenador do Projeto Biodiesel Urbano em Indaiatuba, Antônio José da Silva Maciel, que fez uma explanação do projeto. "Disse-nos que desde a fundação da Unicamp têm sido desenvolvidas pesquisas sobre transesterificação de óleos vegetais pela equipe do professor Hartmann, que desenvolveu Método Hartmann de transesterificação e catalisadores", explica Costa. Lá, a usina funciona com parceira entre a prefeitura do município, Serviço Autônomo de Água e Esgotos (SAAE), Universidade de Campinas e Instituto Harpia Harpyia.
De acordo com Guidi, este é um projeto que pode ser consolidado em longo prazo, pois requer anos de pesquisas e comprometimento de outros municípios. "Em Indaiatuba, trabalham em uma política de consórcio intermunicipal entre 18 cidades para garantir fornecimento contínuo do óleo e também uso de outras fontes como gordura animal. Um projeto deste porte, para ser viável, necessita da conscientização e colaboração da população, pois são os cidadãos que fornecem a matéria-prima", diz. Em Indaiatuba foi desenvolvido o Programa Ambiental de Reciclagem de Óleo Usado de Fritura (OUF) para toda a população, por meio de um programa de educação ambiental de conscientização e incentivo à doação.
Os responsáveis pela mini usina afirmaram, segundo Costa, que o projeto só tornou-se viável porque a Unicamp deu suporte técnico e analítico. Do contrário, não haveria a menor probabilidade de sucesso. Ele explica que, cada lote de biodiesel precisa ser analisado com parâmetros estabelecidos pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) para controle de qualidade. "Estas análises tem 21 itens e custo de R$ 3,6 mil por lote. Em função do problema de viabilidade econômica da produção, está sendo investido um montante de R$ 3 milhões em uma unidade para produção de 45 mil litros/dia".
Atualmente, 28 veículos e máquinas do SAAE, e da prefeitura são abastecidos com biodiesel produzido na usina piloto. "O biodiesel é um combustível limpo que não polui o meio ambiente e mantém o mesmo desempenho do motor", explica Guidi. Indaiatuba é a primeira cidade brasileira a produzir biodiesel com óleo vegetal e gordura animal, utilizando tecnologia desenvolvida e patenteada pela Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Foi sugerido à prefeitura de Criciúma que desenvolva um plano de negócios para o biodiesel a partir de consórcio com instituições e outras prefeituras para garantir um fornecimento contínuo do OUF, sendo complementada a produção a partir de gordura residual da produção de frangos ou suínos, bastante comum na região. "Eles frisaram que, pequenas unidades para 1.000 ou 5.000 litros/dia são inviáveis e a unidade precisa de um laboratório anexo ou instituição universitária que execute as análises por lote e com viabilidade econômica", diz Costa.
Ele explica que em Indaiatuba não há interesse em comercialização do resíduo ou envolvimento de iniciativa privada na operação. "Se houver valor agregado no óleo, o processo se torna inviável pelos elevados custos de produção. Não há um processo contínuo de coleta, havendo transitoriedade de alimentação do processo, bem como a matéria-prima muitas vezes apresenta níveis elevados de impurezas como restos de alimentos e água, o que também aumenta dificuldades para produção em pequena escala. Também foi criada uma Lei Municipal que institui um Fundo para Ações Sociais a partir da receita de produção do Biodiesel, portanto, sem dar um valor mercadológico ao biodiesel a partir de OUF".
(Secom: Saimon Novack) FONTE: Rádio Criciúma ? SC