17/01/2008
Os preços das terras para plantio de grãos voltaram a subir no país, impulsionados pela recuperação das cotações das commodities no mercado internacional. Na contramão, as terras destinadas à cana-de-açúcar registram estagnação e até mesmo queda em algumas regiões de São Paulo e Triângulo Mineiro, de acordo com levantamento da AgraFNP.
O relatório da consultoria ressalta que o movimento de recuperação dos preços de terras teve início no segundo semestre de 2006 e se intensificou durante todo o ano passado. O último levantamento, realizado entre novembro e dezembro de 2007, mostra valorização média no país de 17,83% em relação aos últimos 12 meses. No Brasil, as cotações médias passaram de R$ 3.276 por hectare para R$ 3.860.
Segundo Jacqueline Bierhals, analista de commodities e terras da consultoria, a recuperação dos grãos e a maior produção agrícola ajudaram a valorizar os preços das terras. "Houve uma recuperação geral no país por conta dos grãos. No Sul do Brasil, em regiões tradicionais agrícolas, como o norte do Paraná, algumas áreas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, os aumentos foram mais expressivos", disse.
A valorização de terras destinadas ao cultivo de grãos começa a se consolidar, uma vez que boa parte dessas propriedades são indexadas em sacas de soja. Outro fator de sustentação para os preços é a entrada de fundos de investimento no mercado de terras. Esses grupos, sobretudo os estrangeiros, procuram investir em regiões de fronteira, que ainda têm potencial de valorização. Eles compram terras a preços baixos com a intenção de negociá-las na alta. Segundo a AgraFNP, as regiões mais procuradas por esses fundos são o Mato Grosso, oeste baiano e a área conhecida como Mapito (Maranhão, Piauí e Tocantins).
Com forte procura nos últimos anos, por conta dos novos projetos de usinas de álcool no país, as cotações de terras para cana começam a perder força, por conta dos baixos preços pagos aos produtores. O excesso de oferta de matéria-prima no mercado interno também pressiona as cotações. O relatório da AgraFNP lembra que muitos projetos novos foram adiados, reduzindo a procura por propriedades. "Acredito que seja uma situação temporária, no caso da cana. As terras podem voltar a se valorizar no médio e longo prazos", disse Jacqueline.
Para as culturas perenes, como laranja e café, as terras também estão mais valorizadas por conta dos preços no mercado internacional. Segundo Jacqueline, os preços só não estão ainda melhores por conta da desvalorização do dólar. FONTE: Valor Econômico ? SP