11/12/2007
O plantio de girassol está inviabilizado enquanto a superpopulação de pombas prosseguir no noroeste do Paraná. O diagnóstico é da Cocamar, a segunda maior cooperativa do Estado, que tentou, há dois anos, fomentar a planta como uma alternativa de cultura de inverno para os seus associados.
Além do óleo de girassol - que tem maior valor agregado por ser considerado mais saudável para o consumo humano -, a planta também poderia ser utilizada para fins de biodiesel. Mas quem tentou, viu sua lavoura ser quase totalmente devorada pelas amargosas. "Era uma alternativa para a região.
Tentamos, mas não deu certo", diz Edson Matsumoto, engenheiro agrônomo da Cocamar. "Hoje, desaconselhamos os produtores que quiserem plantar. Pelo menos enquanto houver essas pombas".
Segundo dados do relatório de safra da Cocamar em 2005, apontados no "dossiê" encaminhado pelo Sindicato Rural de Maringá ao Ibama de Brasília, cerca de 80 produtores de 12 municípios aderiram ao plantio de girassol naquele ano, cobrindo uma área de 1200 hectares. Praticamente 100% da produção de girassol foi atacada pelas pombas amargosas. De lá para cá, ninguém mais se atreveu a sequer pensar no assunto.
"De tanto eu gritar para espantar as pombas, fiquei sem voz. Queria ser indenizado", diz Alcides Calvi, produtor de Doutor Camargo. Ele e sua família - incluindo mulheres e crianças - saíam a campo tocando panelas e berrando para afugentar a "nuvem negra" que chegava todas as manhãs, pelo período de um mês, às lavouras. O trator ganhou uma buzina, e passou impiedosamente por cima de algumas dezenas de flores. "Não tinha jeito. Em um mês, elas acabaram com tudo", diz o produtor. Calvi fez as contas: seu prejuízo foi de R$ 15 mil em sementes e outros R$ 30 mil de investimento. Ao todo, 26 hectares foram afetados.
Calvi e os demais produtores não só "fogem" do girassol como riem das medidas sugeridas por alguns ambientalistas. Uma delas, contam, seria o cozimento dos ovos das pombas. Dessa forma, despistariam a ave, que chocaria, chocaria... sem nada nascer. (BB) FONTE: Valor Econômico ? SP