A CONTAG e vários movimentos assinaram e apresentaram carta de Xapuri Defesa dos Territórios e do Bem-Viver nas Amazônias, na Semana Chico Mendes 2021 que acontece até este sábado 18 de dezembro, no município de Xapuri/AC, com o tema Emergência climática: vozes das florestas em defesa dos territórios. A ação é promovida pelo Comitê Chico Mendes.
A Semana Chico Mendes tem o objetivo de ampliar o debate sobre o desmatamento na Amazônia e denunciar a violência no campo e as políticas conservadoras e do agronegócio que tentam acabar com as reservas extrativistas na Amazônia e no Brasil. E também de construir uma ampla aliança entre os povos da Amazônia (trabalhadores(as) rurais, indígenas, quilombolas, seringueiros e extrativistas). Juntos conseguimos construir ações contra a grilagem e o desmatamento na Amazônia, a partir do debate em várias mesas com os povos tradicionais amazônidos, pontua o secretário de Formação e Organização Sindical da CONTAG, Carlos Augusto Silva (Guto), que participa do evento.
Na Semana Chico Mendes 2021 ainda foi entregue o Prêmio Chico Mendes de Resistência em homenagem à trajetória histórica do ambientalista acreano.
Leia a carta na íntegra:
Nós indígenas, comunidades tradicionais, trabalhadores e trabalhadoras rurais, campesinos e campesinas, reunidos no Encontro Amazônico: Terra, Território e Mudança Climática, em Xapuri, no Acre, nos dias 16, 17 e 18 de dezembro de 2021, com a participação de 200 líderes de organizações sociais e populares do Brasil e da Bolívia, reafirmamos o Legado de Chico Mendes de defesa da Amazônia e a Aliança dos Povos da Floresta.
Manifestamos nossos posicionamentos frente ao contexto de ameaças aos territórios onde vivem povos indígenas e comunidades tradicionais, camponeses e a população urbanas das cidades da Amazônia brasileira e de outros países:
1. Estamos vivenciando ações de retrocessos governamentais no Brasil e outros países Amazônicos, de pressão à terra, ao território, aos recursos naturais e aos modos de vida de povos indígenas e comunidades tradicionais que vivem nas e das florestas, que articulam a flexibilização das leis ambientais, o desmantelamento das políticas que garantem o direito e à posse da terra e do território à povos e comunidades indígenas, camponesas e quilombolas, obrigando-as, em muitos casos, a vender ou fugir para as periferias das áreas urbanas. Também estabelecem medidas públicas favoráveis à mineração e o desmatamento na região amazônica, para o agronegócio e a extração ilegal madeira, com impactos sociais, ambientais e a vida de quem vive na floresta.
2. Os efeitos dessas ações governamentais contribuem para as mudanças climáticas, afetando diretamente mulheres, juventude e crianças. Exigimos dos governos políticas e ações mais claras, adequadas e contundentes para combater os efeitos das mudanças climáticas, com medidas de adaptação, mitigação e respeito à ancestralidade de povos indígenas, comunidades tradicionais e camponesas.
3. Por isso, defendemos à terra, o território, o fortalecimento de políticas públicas para a agricultura familiar e a produção da sociobiodiversidade na Amazônia, para que povos indígenas, comunidades tradicionais e camponesas possam ter uma vida digna e viver o bem-viver na Panamazônia.
4. Reafirmamos o Legado de Chico Mendes e nos comprometemos em continuar a cuidar da nossa vida e da vida das florestas e da biodiversidade, porque delas vivemos e convivemos com elas.
5. Continuaremos a fortalecer e ampliar as nossas alianças entre organizações indígenas, camponesas, ribeirinhas, quilombolas e com instituições, academia e atores sociais de todos os países amazônicos, para fortalecer a luta e defender a vida e as florestas amazônicas e a vida de povos indígenas e comunidades tradicionais da Panamazônia, do planeta e toda humanidade.
FONTE: Comunicação CONTAG - Barack Fernandes