Com o aumento da expectativa de vida e a queda da fecundidade, a tendência de envelhecimento da população brasileira se consolidou. O número de idosos aumentou 47,8% em uma década - de 1997 a 2007, o que representou um incremento bem superior ao crescimento da população do País, que aumentou, no mesmo período, 21,6%. Em dez anos, a expectativa de vida do brasileiro aumentou 3,4 anos.
O idoso também se tornou um dos pilares das famílias brasileiras. A contribuição deles representa mais da metade do total da renda domiciliar, sobretudo nas áreas mais carentes. Em média, eles arcam com 53% das despesas nos lares em que há pessoas com mais de 65 anos. Em algumas regiões, como no Nordeste rural, a força econômica dessa renda no orçamento familiar chega a 73%. Do total de idosos, 74,7% vivem de aposentadoria, enquanto 22,5% ainda trabalham. Em 12,3 milhões de domicílios do país, ou 13,5%, há pelo menos um idoso.
"Envelhecer participando da sociedade é mais importante do que envelhecer com saúde", diagnostica Lúcia Cunha, pesquisadora do IBGE, comentando que o papel do idoso como chefe de família, em muitas situações, tira da pessoa a imagem de fardo, o que acaba "melhorando a auto-estima".
Idosa de 93 anos ajuda a sustentar família no Piauí Sem instrução, Antônia Maria da Conceição, de 93 anos, assume a metade do orçamento de sua família. Ela mora com a filha Saturnina Azevedo, viúva, de 53 anos; a neta Maria do Socorro, de 27, o marido dela; e o bisneto Raniel Victor, de 7, numa casa no povoado Nova Olinda, na zona rural de Teresina.
Antônia exerce o papel de chefe de família. Ela conta que, no final do mês, não sobra nada da sua aposentadoria de R$ 415. É que ela ajuda nas despesas da casa, divididas com a filha, que também ganha R$ 415 de pensão como viúva. Antônia não teve direito a ficar com a pensão do marido após a morte do companheiro.
"Mal sobra o dinheiro para a compra dos remédios. O dinheiro que a gente recebe é pouco. Poderia ser um pouco mais", reclama Antônia, que não recebe 13º salário do INSS e nunca soube por quê.
Antônia é o retrato do que as estatísticas do IBGE vêm mostrando, ao constatar que o número de idosos em situação de pobreza vem caindo nos últimos anos, principalmente devido à Lei Orgânica da Assistência Social (Loas). Aprovada em 1993, ela passou a garantir a concessão do benefício de um salário mínimo para os maiores de 70 anos de idade, pertencentes às famílias com renda mensal per capita inferior a um quarto do salário mínimo. Em 1998, a faixa etária com direito a Loas caiu para 67 anos.
Cinco países respondem por 40,6% dos idosos no mundo O Brasil, juntamente com os outros países dos Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul), já responde por 40,6% da população mundial de idosos, segundo as Nações Unidas.
O Brasil tem 20 milhões de idosos, enquanto o tamanho da terceira idade nos Brics é de 273 milhões de pessoas. Dos cinco países que compõem os Brics, apenas a África do Sul não se encontra no grupo dos dez países com maior população idosa do mundo em termos absolutos.
Os idosos no Brasil representam 10,5% da população total, e 83% deles vivem nas cidades. São Paulo e Rio de Janeiro são as cidades com o maior número de idosos no país: 1,7 milhão e 2,1 milhões, respectivamente. A pesquisa também identificou 2,7 milhões de idosos morando sozinhos em 2007, contra 1,5 milhão, em 1997. FONTE: O Globo