A LCP (Liga dos Camponeses Pobres), segundo os policiais, recrutava famílias pobres no sul do Estado para dar um caráter social às invasões
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Uma operação conjunta das Polícias Civil e Militar do Pará prendeu ontem 32 pessoas suspeitas de liderar bando que invadia fazendas na região sul do Estado e exigia dinheiro dos fazendeiros para deixar as propriedades.
O bando, que se intitulava LCP (Liga dos Camponeses Pobres), arregimentava famílias pobres de Redenção (921 km de Belém) para dar às invasões um caráter de movimento social, segundo a Polícia Civil. Há cerca de 400 pessoas acampadas em áreas invadidas pela LCP.
O delegado-geral da Polícia Civil do Pará, Raimundo Benassuly, um dos coordenadores da operação, disse que os líderes do bando estavam envolvido com roubo a banco e de cargas e também usavam as fazendas como base para as ações criminosas.
Em outubro, fazendeiros da região relataram à Polícia Civil de Redenção e à promotoria de Justiça invasões de propriedades por grupos armados e encapuzados que se diziam da LCP. Segundo a Polícia Civil, a ação do bando era investigada desde setembro.
A Operação Paz no Campo, deflagrada ontem, tinha como objetivo cumprir 22 mandados de prisão de supostas lideranças do bando, além de cumprir mandados de busca e apreensão em nove fazendas no município de Santa Maria das Barreiras (1.091 km de Belém) -seis delas estavam invadidas.
Segundo o delegado Alberone Lobato, que é da Delegacia de Conflitos Agrários e participou das investigações, várias pessoas contra as quais não havia mandado de prisão decretado foram presas em flagrante por porte ilegal de arma. Foram encontradas mais de 40 armas irregulares de diversos calibres, algumas de uso restrito das Forças Armadas, e munição.
Além de pessoas supostamente ligadas à LCP, foi preso o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Maria das Barreiras.
"A LCP e o presidente do sindicato arregimentavam pessoas para invadir as fazendas e dar um cunho de movimento social. Havia na área mais de 70 pessoas armadas que queriam grilar a área e extorquir dinheiro dos fazendeiros", disse Lobato. Segundo o delegado, alguns dos integrantes do bando conseguiram fugir.
A reportagem não conseguiu localizar ontem representantes da LCP nem do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Maria das Barreiras. A Folha também não conseguiu falar com o presidente da Fetragri no Pará, entidade que reúne os sindicatos de trabalhadores rurais.
A Operação Paz no Campo reuniu 350 policiais civis e militares, além de agentes da Polícia Rodoviária Federal e soldados do Corpo de Bombeiros. Foram usados também quatro helicópteros. Segundo Lobato, como nem todos os 22 mandados de prisão foram cumpridos a operação continua hoje e não tem prazo para terminar. FONTE: Folha de São Paulo ? SP