A previsão da consultoria Safras & Mercado é ainda de estoques menores, de cerca de 1,7 milhão de toneladas, 37% menor que em fevereiro de 2007 (2,7 milhões de toneladas). "O montante será suficiente para abastecer o mercado interno por menos de 15 dias", diz Paulo Molinari, diretor da Safras.
Carvalho, da Conab, cita como agravante o fato de em fevereiro ser mês em que a colheita de milho ainda é muito incipiente e a procura, é uma das mais fortes do ano. "Todas as indústrias vão atrás de milho nessa época. Mas, a colheita, praticamente, estará ocorrendo só no Rio Grande do Sul, ou seja, inviável para abastecer o mercado do Sudeste, que é um dos mais demandantes", afirma.
A falta do produto é reflexo da forte procura pelo milho brasileiro no mercado externo, sobretudo o Europeu, conforme explica Molinari. No final da semana passada, os preços da saca em Campinas bateram R$ 32, recorde desde 2002, quando os estoques de passagem foram zerados, lembra o diretor da Safras. Ontem, a saca do milho voltou a ser negociada em R$ 32 em Campinas. O valor foi negociado a primeira vez na última quinta-feira.
As exportações de milho vem se confirmando recordes. Entre fevereiro e outubro atingiram 8,41 milhões de toneladas, segundo a Safras. "A tendência de os embarques atingirem 10 milhões de toneladas até o final do ano comercial (janeiro) está se confirmando, apesar de muitos não acreditarem. E isso está sendo confirmado nesses preços do mercado físico", afirma Molinari.
O fato de o atraso no plantio do milho safra de verão ter atingido 40 dias, ou seja, a perspectiva de uma entressafra mais longa, também provoca movimento especulativo", completa o especialista da Safras.
Os pequenos e médios compradores de milho é que estão provocando boa parte dessa elevação de preços no mercado interno, segundo Lucílio Alves, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). "Não há planejamento de compra. Eles ficam muito no mercado spot, diferente das grandes que fazem estoques", explica Alves.
Além disso, os bons preços do grão desde o final do ano passado capitalizaram os produtores que não estão fazendo pressão vendedora. "Acredito que esse mercado está caminhando para mudança na estrutura de comercialização", avalia o pesquisador do Cepea.
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 7)(Fabiana Batista) FONTE: Gazeta Mercantil ? SP