Roma, 5 de Junho de 2008 - A ONU e o Banco Mundial (Bird) apresentaram ontem seus planos para conter a crise alimentar mundial e mobilizar os fundos necessários e advertiram contra qualquer fracasso de sua ação. "Não podemos fracassar. É uma luta que não podemos perder, a fome cria instabilidade e temos que reagir unidos e imediatamente", advertiu na reunião de cúpula da FAO o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. "O plano de ação deve ser colocado em prática urgentemente, milhões de pessoas esperam", acrescentou.
"É um assunto que afeta todo o mundo, consumidores e agricultores. Convido os líderes do mundo a se comprometerem aqui em Roma a lutar contra a fome conjuntamente com os países e as organizações da sociedade civil".
A ONU considera que é necessário um esforço financeiro de 15 a 20 bilhões de dólares ao ano para combater a escalada dos preços, a maior das últimas três décadas.
Chefes de Estado e de Governo e representantes de 193 países debatem até quinta-feira na sede em Roma da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) um plano de ação contra a fome que afeta países da África, Ásia e América Latina pela escalada do preço dos alimentos.
Para o presidente do Bird, Robert Zoellick, é fundamental suprimir as barreiras comerciais às exportações, que estimulam o aumento do preço dos alimentos e afetam as populações mais pobres do planeta. "Temos que fazer uma convocação mundial para que as restrições e as barreiras alfandegárias às exportações sejam eliminadas. Esses controles estimulam o aumento dos preços e afetam as populações mais pobres que lutam por alimentos", declarou Zoellick.
O pedido teve apoio de parte dos países latino-americanos, incluindo o Brasil, que reiterou críticas ao protecionismo da Europa e dos Estados Unidos.
O presidente do Banco Mundial apontou 10 pontos para lutar contra a fome e transformar "os preços dos alimentos numa oportunidade para desenvolver a agricultura mundial".
"A decisão aqui em Roma é clara. Ou milhões de pessoas têm o que comer ou não têm nada", assegurou Zoellick.
Os organismos internacionais concordam em considerar como grave ou urgente a atual crise alimentar, que arrasta cerca de 100 milhões de pessoas para um estado de desnutrição.
A mesma FAO deu o exemplo ao desbloquear 17 milhões de dólares para necessidades dos agricultores dos países mais pobres.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) também anunciou que concederá uma ajuda de 1,2 bilhão de dólares para adquirir alimentos em 62 países pobres, entre eles Haiti, Somália e Etiópia, afetados pela fome.
A "unidade de crise" formada pelos chefes das agências das Nações Unidas e as instituições econômicas e internacionais está harmonizando as propostas das várias entidades para adotar um "plano de ação global", que deverá ser ratificado pelos países do G8, em julho, no Japão.
FONTE: Gazeta Mercantil - 05/06/2008