Após a cerimônia de abertura, realizada na noite de ontem, 14, as atividades da 2ª Conferência Nacional do Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (CNDRSS) tiveram início hoje, 15, pela manhã. O primeiro painel da Conferência teve como tema o Planejamento do Desenvolvimento Sustentável e Solidário, e contou com a participação de representações de entidades governamentais e movimentos sociais do campo para um debate sobre as principais demandas rurais e suas perspectivas. Dentre as representações que realizaram o debate, estavam o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, as secretárias de Mulheres e de Jovens Trabalhadores(as) Rurais da CONTAG, Alessandra Lunas e Mazé Morais, além de representantes da Secretaria Geral da Presidência da República, UNICAFES, Via Campesina, Marcha Mundial da Mulheres, FETRAFE e INCRA. Para dar inicio ao painel, a ministra Miriam fez uma apresentação de dados que mostram o desenvolvimento do Brasil e suas regiões ao longo dos últimos anos, com novas fontes de crescimento e investimentos do governo no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em seguida, os demais participantes da mesa fizeram uso da palavra, e cada um falou sobre as demandas reconhecidas pelas entidades que representam. A demanda mais lembrada pelos movimentos na discussão, e reconhecida pelo governo, foi o respeito às especificidades das regiões brasileiras para efetivar o desenvolvimento sustentável e solidário da agricultura familiar no país, tendo em vista que cada região possui suas características e peculiaridades. Outra necessidade urgente do campo e estratégica para seu desenvolvimento é a infraestrutura dos municípios rurais, com estradas, escolas, creches, postos de saúde, acesso a internet, entre outras coisas importantes para a garantia da qualidade de vida dos moradores e moradoras dessas regiões. As políticas públicas já existentes e as ainda necessárias também foram lembradas, principalmente sob o ponto de vista que muitas vezes elas são conquistadas, mas não chegam à base. A luta das mulheres Antes do início do painel, um conjunto de delegadas participantes da Conferência realizou um ato político no auditório do Brasil 21, local onde está sendo sediado o evento, em Brasília. Levantando cartazes, cantando e batendo latas, elas cobravam 50% de Assistência Técnica para as trabalhadoras rurais, entre outras demandas específicas. Em seu discurso, Alessandra Lunas lembrou que hoje é o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora Rural, e aproveitou para lembrar todas as demandas das trabalhadoras rurais brasileiras acerca da assistência técnica, da agroecologia e da paridade, não apnas em números de participantes,mas em atenção às propostas. “Paridade não é somente para a participação das mulheres nas conferências e outros espaços políticos, mas também levar as demandas das mulheres para discussão”, disse. Alessandra também comentou sobre a ação do agronegócio, e recordou a ação que tramita no Congresso sobre as sementes Terminator, sementes transgênicas que germinam somente uma vez, e que a aprovação desse projeto não pode ser admitida pela agricultura familiar. Outra recordação importante levada pela secretária de Mulheres foi a semana mundial da alimentação, que tem papel estratégico para a agricultura familiar, que é a grande responsável pela produção de alimentos do mundo, ao contrário do que é dito pelo agronegócio. “Não podemos continuar admitindo que o agronegócio diga que é ele que gera renda no campo”, declarou. A juventude nessa construção Ao falar sobre o papel da juventude no processo de construção de um campo mais justo e igualitário, a secretária Mazé Morais lembrou que os jovens rurais estão acompanhando todos os processos, ocupando os espaços de discussão e participando ativamente das atividades, enquanto fazem suas preposições, de acordo com o que eles e elas necessitam para continuar no campo com qualidade. “No Brasil, 8 milhões de jovens vivem campo. Dentre eles, 2 milhões vivem na pobreza extrema. Devemos valorizar mais os jovens no campo como sujeitos políticos, que querem permanecer no campo, mas com qualidade de luta”, declarou a dirigente. Ao final do seu discurso, Mazé puxou o coro da juventude presente na Conferência, com o grito de guerra “A juventude que ousa lutas, constrói o poder popular”. A 2ª CNDRSS segue com suas atividades até quinta-feira, dia 17. FONTE: Imprensa CONTAG - Gabriella Avila