Brasília - O Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário deve crescer pelo menos 5,8% neste ano, estimou ontem o superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Cotta. Ele não fez previsões para o PIB do agronegócio, que cresceu 7,89% no ano passado. O cálculo foi feito pela CNA e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP.
Segundo Cotta, a concretização das previsões depende de crescimento da safra e da manutenção das condições atuais de preços dos produtos agrícolas no mercado internacional. A mais recente estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2007/08, que está sendo colhida, indicou produção de 139,3 milhões de toneladas de grãos, crescimento de 5,8% em relação à colheita de 131,7 milhões de toneladas em 2006/07.
Em termos de preço, o cenário também é positivo, já que a demanda internacional por grãos e carnes está aquecida. Um indicador dessa demanda é o Valor Bruto da Produção (VBP), que projeta o faturamento com a venda dos principais produtos do agronegócio. O VBP pode chegar a R$ 263,1 bilhões em 2008 contra os R$ 212,4 bilhões registrados em 2007. Cotta disse que a CNA continua projetando um crescimento para 2008 apesar da situação de crise financeira americana. "Não sabemos como será com a crise. Ela afeta os preços, mas os fundamentos básicos que sustentarão as cotações são claros: o aumento da produção de biocombustíveis e a maior demanda por parte da China", comentou.
Apesar dos resultados positivos de 2007, Cotta sustentou que a expansão de 7,89% do agronegócio não significa necessariamente aumento da renda do produtor rural. Ele lembrou que, na contabilidade do PIB, o preço dos fertilizantes teve um aumento importante e isso tira dinheiro do bolso do produtor. A expectativa para esta safra, entretanto, é de que ela gere uma renda maior para os agricultores.
Segundo a CNA, esse bom desempenho deve-se principalmente à expansão do setor primário, que equivale à produção dentro da porteira das fazendas. Esse setor cresceu 12,18% no ano passado. Já o setor de insumos teve um crescimento de 12,99%. FONTE: Gazeta do Povo ? PR