Itamar Mayrink* e Cássia Almeida
BELO HORIZONTE e RIO. A Polícia Federal informou ontem que fará coleta de amostras de leite em todo o país, com o objetivo de verificar se outros produtores estão cometendo fraudes na venda do produto. A ação mobilizará superintendências e delegacias no recolhimento de leite longa vida nos pontos-de-venda. Cooperativas e os fornecedores que trabalham com elas, em cada região do Brasil, serão mapeados. As análises serão feitas no produto final, ou seja, no leite industrializado, mas o foco da investigação são as cooperativas, apontadas como responsáveis pela adulteração.
A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Agricultura montaram uma força-tarefa, juntamente com as autoridades sanitárias de Minas Gerais e o Ministério Público do estado, para tentar rastrear o caminho do leite adulterado pelas Coopervale e Casmil, que misturavam soda cáustica, água oxigenada e citrato de sódio ao leite. A fraude foi desmontada na segunda-feira, pela Polícia Federal, na Operação Ouro Branco. Segundo Denise Resende, gerente geral de Alimentos da Anvisa, até a próxima semana sairão os resultados dos exames feitos nas amostras que vão ser colhidas hoje em Uberaba:
? Representantes do laboratório da Secretária de Saúde do estado estão no grupo para tornar mais ágil a realização dos exames. Acredito que na semana que vem já teremos alguns resultados.
Em São Paulo, o Procon notificou as empresas Nestlé e Parmalat, que teriam comprado o leite adulterado. Segundo o órgão de defesa do consumidor, as empresas terão de informar onde estão os laticínios vendidos em São Paulo, nos quais foi utilizado o leite fraudado.
A Associação Brasileira de Leite Longa Vida, em nota, afirmou que as cooperativas investigadas pela Polícia Federal fornecem para "um número restrito de empresas do setor":
"Setenta e seis por cento do leite líquido consumido hoje no país é longa vida, com mais de cinco bilhões de litros comercializados anualmente. A denúncia constitui caso isolado, que não reflete o comportamento da indústria como um todo".
Segundo o produtor rural do município de Passos, Maurício Coelho, a adição da soda cáustica e água oxigenada é usada para mascarar a presença do soro, que custa dez centavos e faz o produto render mais. O problema é que o soro torna o leite ácido. Com a mistura, a acidez é eliminada.
(*) Da CBN FONTE: O Globo ? RJ