Edson Luiz
A Polícia Federal vai passar a dar prioridade à luta contra os crimes cibernéticos e relacionados a drogas sintéticas, considerados como delitos do século 21. Além disso, 17 regiões na fronteira brasileira ganharão atenção especial nos próximos 15 anos. A partir de agora, todos os agentes e delegados recém-formados deverão passar pelo menos três anos da carreira na Amazônia ? como estímulo, terão um acréscimo salarial de 20% em relação aos colegas que atuam em outros centros. A direção da PF pretende construir vilas de casas próximas às delegacias do interior para abrigar seus agentes e vai incentivar também servidores antigos a aceitar lotações em estados da Região Norte. As medidas, que fazem parte do plano estratégico da PF, deverão ser adotadas já em 2008 e deverão ser revistas somente em 2022.
"Estar na Amazônia não é um castigo", afirma o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa. "Vamos dar uma gratificação por essa lotação e incentivar outros policiais mais antigos a ir para a região, onde darão suporte ao trabalho dos mais novos", acrescenta Corrêa, anunciando que a PF já fez uma seleção interna para escolher quem será transferido, e hoje pelo menos 40 delegados e agentes estão aptos a mudar para a Amazônia.
A PF já tem um planejamento para construir novas superintendências no Rio de Janeiro, Maranhão, Acre e Paraíba e delegacias na região de fronteiras. Além disso, os policiais lotados na Amazônia terão moradias, já que a PF fará vilas construídas com madeira apreendida.
No plano estratégico, a Polícia Federal pretende fazer readequações para fortalecer a atuação nos próximos 15 anos. Uma delas é mudar o perfil dos laboratórios da organização. O avanço dos crimes financeiros e de pedofilia praticados pela internet fez com que a área de delitos cibernéticos seja reforçada. A mesma atenção será dada aos crimes envolvendo drogas sintéticas, que hoje se tornaram uma das principais preocupações, por causa do aumento no volume de apreensões, principalmente de ecstasy e skank (um tipo de maconha aditivada).
A PF pretende utilizar melhor seus técnicos que atuam na carreira policial. "Temos cerca de 300 mestres e doutores em várias áreas", avalia Corrêa, que vai usar a qualificação como meio de ascensão do servidor. Para crescer na carreira, cursos de graduação ganham valor ? serão dados inclusive na própria Academia Nacional de Polícia (ANP), que ganhou status de universidade e aguarda autorização do Ministério da Educação para atuar como instituição de mestrado. "Queremos que até 2022 a PF seja uma referência mundial em segurança pública", afirma o diretor-geral.
As mudanças
Crimes
# As questões ambientais, principalmente as relacionadas à Amazônia, terão atenção especial. A Polícia Federal também vai avançar no combate aos crimes cibernéticos, por causa da pedofilia, e às drogas sintéticas e de laboratórios
Salários
# Todo o policial federal terá que passar obrigatoriamente três anos na Amazônia, como acontece hoje com as Forças Armadas. Eles terão 20% de reajuste salarial como forma de abono. Além disso, agentes e delegados antigos estão sendo incentivados a trabalharem na fronteira. Depois disso, eles escolhem a lotação para a qual gostariam de ser nomeados
Imigração
# Informatizar todo o sistema de imigração, unindo os bancos de dados de todas as polícias com Infraero, Agência Nacional de Avião Civil (Anac), portos, aeroportos e empresas aéreas e de transporte terrestre de passageiro. O estrangeiro que entrar no Brasil, por exemplo, será monitorado em todas suas movimentações
Policiais
# A PF quer fortalecer a formação do policial. Com isso, as graduações e promoções dependerão do grau de formação. Doutores e mestres serão reaproveitados na Academia Nacional de Polícia e Instituto Nacional de Criminalística
Academia
# Será transformada em uma espécie de universidade, conforme projeto no Ministério da Educação, que torna os cursos equivalentes a mestrados FONTE: Correio Braziliense- DF