O convênio prevê a liberação de cerca de R$ 260 mil para pesquisa em melhoramento genético que implique no desenvolvimento de novas cultivares de algodão de fibras branca e colorida. Inclui, ainda, a implantação de uma unidade demonstrativa de beneficiamento do produto na cidade. O objetivo é revitalizar a cotonicultura naquela região, escolhida pela ??grande disponibilidade de mão-de-obra ociosa que detém??. Segundo levantamento da Fundação Norte Rio Grandense de Pesquisa e Cultura, ??cerca de 51% da população encontra-se desempregada, necessitando de programas governamentais que promovam a geração de ocupação, emprego e renda??. O trabalho terá como foco a agricultura familiar. Dos cinco assentamentos existentes no município, dois devem ser beneficiados, com os ganhos atingindo a cerca de 150 famílias.
Valorizado
??Com o melhoramento genético queremos chegar a uma cultivar produtiva e com qualidade de fibra, que é a parte mais valorizada do algodão??, explica o pesquisador da Emparn e um dos coordenadores do projeto, Aldo Medeiros. Segundo ele, o trabalho deve render algodão nas cores rubi, safira, marrom, verde e o tradicional branco. O produto naturalmente colorido é mais valorizado no mercado por dispensar a coloração por produtos químicos. Chega a alcançar um preço cerca de 30% maior que o branco, encontrando demanda principalmente na indústria de confecções, na fabricação, por exemplo, de roupas infantis, antialérgicas, moda íntima, cama, mesa e até redes.
Para garantir os resultados desejados, os pesquisadores vão usar plantas cruzadas pela Embrapa Algodão. Em março planejam iniciar o plantio irrigado, que deve garantir algo em torno de 3 mil quilos de caroço por hectare, contra os mil kg/ha que conseguiriam com o cultivo de sequeiro, dependente das chuvas. Após a colheita o produto será beneficiado, separado por tipo e terá as propriedades testadas. ??Esse teste vai indicar comprimento, uniformidade, finura, maturidade, resistência, alongamento e tipo (grau de pureza das fibras), propriedades extremamente importantes no processo de fiação. Depois disso vamos produzir fio, tecido e levar essa produção ao mercado, revertendo o dinheiro obtido para os agricultores dos assentamentos??, diz o coordenador e autor do projeto pela UFRN, professor Moisés Vieira de Melo, do Departamento de Engenharia Têxtil, acrescentando que os dois assentamentos que apresentarem requisitos como infra-estrutura e solo adequados ao desenvolvimento da cultura algodoeira serão os escolhidos.
O convênio tem vigência de 24 meses, a contar de dezembro, quando foi assinado. Os recursos serão liberados pela Finep, agência financiadora vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, administrados pela Funpec e, segundo os coordenadores, aplicados na compra da máquina necessária ao beneficiamento, de material de irrigação, sementes e em outras despesas relativas ao projeto.
A expectativa é que, ao final do acordo, os agricultores assumam o cultivo e também possam aproveitar os subprodutos do algodão, entre eles óleo extraído do caroço, que serve para a alimentação ou para produzir biodiesel. ??Vamos colocá-los em contato com os principais consumidores. Em São Paulo, Santa Catarina e até numa empresa de Jardim de Piranhas (RN) há demanda garantida para o produto??, continua Melo, se referindo à fibra colorida, sem descartar a possibilidade de venda para outros países. Durante o período de vigência do convênio, diz ele, parte da fibra será vendida no mercado. A outra será usada na fabricação de tecidos. ??A receita será rateada entre os cooperados??, reforça ainda o professor.
Os testes caberão à UFRN. A Emparn ficará responsável por desenvolver e acompanhar a cultura, observando a adaptação das cultivares ao ambiente.
Renata Moura
Da equipe do Diário de Natal FONTE: Diário de Natal ? RN