De acordo com o autor, a montagem questiona a "virtualização do corpo" na sociedade; fotografias são tiradas na apresentação
DA REPORTAGEM LOCAL
Corpo e imagem estão implicados no mote de "MSTesão", peça escrita e dirigida por Aimar Labaki, cuja montagem entra em cartaz hoje no Sesc Consolação, em SP. Toca em vespeiro ideológico.
Um integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra posa para uma revista gay. Ele afirma não ter dinheiro para plantar e sustentar familiares no assentamento do interior. Seu padrinho, um militante comunista, invade o estúdio fotográfico para acabar com essa "vergonha", mas esbarra nos discursos sedutores da dona da revista e do fotógrafo.
"O espetáculo está armado em cima das diversas possibilidades da utilização da fotografia, desde papel e projeção em slide até a manipulação das fotos digitais, algumas tiradas ao longo da apresentação", afirma Labaki, 47.
Fotos em cena
Ao escancarar em cena desde o princípio da câmara escura até a imagem digitalizada -público e atores estão cenograficamente imersos num estúdio fotográfico-, a idéia é suscitar a metáfora sobre o caminho da "virtualização do corpo" na sociedade contemporânea, segundo Labaki.
Essa percepção do diretor talvez não corresponda àquela do autor quando a peça veio à luz, oito anos atrás.
"O texto é sobre a militância e a encenação, sobre os limites da relação corpo e imagem, mais latente hoje." Labaki permite-se tal distanciamento, ele que particularmente não gosta de encenar as suas obras. O quarteto dissonante é interpretado por Mario Cesar Camargo, Luciana Domschke, Augusto Pompeo e Murillo Carraro.
A comédia dramática "MSTesão" insere-se na linhagem de "Anjo do Pavilhão Cinco" (2006) ou "Vermouth" (1998), que colocam em xeque a violência inerente à sociedade, o embate de identidades coletiva e individual e a impotência da palavra. (VALMIR SANTOS)
MSTESÃO
Quando: estréia hoje, às 21h; de qua. a sex., às 21h; até 25/4
Onde: Sesc Consolação - 3º andar (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/xx/ 11/3234-3000)
Quanto: R$ 2,50 a R$ 10 FONTE: Folha de São Paulo ? SP