O debate sobre a participação política das mulheres trabalhadoras rurais na elaboração da reforma política marcou hoje (12) o segundo dia da Jornada das Margaridas 2008. Cerca de 300 mulheres ocuparam o auditório do Centro de Estudos Sindical Rural (Cesir), na Contag, para assistir ao seminário "Mulher: Participação, Poder e Democracia", organizado pela Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais da entidade.
A necessidade e a importância de as mulheres ocuparem mais espaços no poder público foi consenso entre os expositores, formados pela deputada federal Luiza Erundina (PSB/SP); o pesquisador do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), José Antonio Moroni; a assessora técnica do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), Guaciara de Oliveira e pela subsecretária de Articulação Institucional da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM), Sônia Malheiros Miguel.
Luiza Erundina comentou que as mulheres no Brasil estão "sub-representadas", pois ocupam apenas 9% das vagas na Câmara dos Deputados e pouco mais de 12% no Senado, número que poderia ser maior se a lei 9.504 de 1997, que determina a reserva de 30% das candidaturas de cada partido para as mulheres, fosse cumprida.
A subsecretária de Relações Institucionais da SPM, Sonia Malheiros, informou que segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para as eleições deste ano, nenhum dos partidos cumpriu a cota mínima de ter 30% de candidatas em seus quadros. "No discurso, os partidos dizem que a participação das mulheres é importante, mas na prática, nada é feito. Mais uma vez a lei de cotas não é cumprida e a participação das mulheres nestas eleições será muito baixa", disse.
A baixa participação feminina - e especialmente das mulheres do campo - nos espaços de poder motivou a Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag a colocar o tema em destaque este ano e lançar a campanha "Mulher, Participação, Poder e Democracia". A coordenadora da Comissão e vice-presidente da CUT, Carmen Foro, uma das debatedoras, enfatizou que a reforma política é outro tema que as mulheres querem discutir.
"Nós acreditamos que outro sistema político é possível e o debate sobre a reforma política precisa ser de propriedade de toda sociedade brasileira e não somente do Congresso Nacional", defendeu Carmen.
Participaram ainda do seminário como debatedoras a representante da Marcha Mundial das Mulheres, Nalú Faria, e da Associação de Mulheres Brasileiras, Silvia Camurça. FONTE: Ciléia Pontes