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Enquanto empresários rurais de médio e grande porte colhem, a todo vapor, a safra recorde de 139 milhões de toneladas de grãos, pequenos produtores, enquadrados na chamada agricultura familiar, enfrentam outra realidade. Para eles, o maior desafio é a conquista de mercado.
É de olho nesse objetivo que a Associação Regional da Agroindústria (Area) realiza em Maringá, a cada três meses, a Feira Regional da Agroindústria Familiar. A iniciativa começou em 2006 e abrange as 30 cidades da Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense (Amusep).
A 9ª edição da feira ocorreu sexta-feira e sábado da semana passada, como sempre, na praça Raposo Tavares. Cerca de 60 pequenas agroindústrias e 40 artesãos expuseram produtos como suco de uva, compotas de doces, licores, mel, pães, frango caipira, salames, biscoitos de polvilho, espanadores e colheres de pau.
Segundo o presidente da Area, Marcello Braga, o público aumenta a cada edição. Para justificar o sucesso da iniciativa, ele exemplifica com um dado pontual: nas primeiras feiras, a participação das agroindústrias familiares equivalia a 33% do que é hoje ? 20, ao todo. "Para os agricultores, é a oportunidade de vender no centro de Maringá. Para a população, a vantagem está no preço baixo e na qualidade dos produtos", afirma Braga.
Dados do censo agrícola do IBGE, de 2006, mostram que 12.810.591 de agricultores trabalham com familiares, geralmente em pequenas propriedades. A agricultura familiar é responsável por 60% dos alimentos consumidos no País, com destaque para a mandioca (84%) e o feijão (70%).
Entre os produtores que participaram da última edição da Feira Regional da Agroindústria em Maringá estava Sandra Regina Carniatto Marinelli, cujo estande oferecia o mel que ela e a família produzem na Ilha Floresta, integrante do arquipélago do rio Paraná. "Na feira, o atendimento é personalizado e é feito com carinho. Nós temos a chance de conversar com os clientes sobre a origem e qualidade do produto."
Segundo Sandra, que participa do evento desde a primeira edição, o mel que vende tem um diferencial. "O arquipélago é região de preservação ambiental. Só há mata nativa e flores silvestres. A vantagem é que as abelhas ficam afastadas de contaminações, como os agrotóxicos, que interferem na qualidade do produto."
Outra participante da 9ª edição foi Cleide Faria, de Marialva. Ela, o marido e outras duas pessoas produzem sucos naturais de uva a partir das parreiras que cultivam em um espaço de 5.000 metros quadrados. De acordo com ela, a renda que o grupo consegue com a venda do produto é somente razoável. "A nossa dificuldade está na valorização do produto", aponta Cleide. "Ainda temos pouco espaço no mercado."
O presidente da Area, Marcello Braga, diz que, de fato, o espaço no mercado ainda é o principal obstáculo para a agroindústria familiar, mas a feira é uma oportunidade para que os pequenos agricultores se instalem durante alguns dias em uma região de movimento para comercializar o que produzem.
"O custo para eles [agricultores] é mínimo. Eles pagam R$ 50 para custearmos a montagem e desmontagem da barraca que abriga todos, além de segurança e limpeza", conta Braga. FONTE: Diário do Norte do Paraná ? PR