Nesta quinta, 16, a ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM-PR), firmou um acordo de cooperação com a Caixa Econômica para expandir os serviços prestados pela agência-barco que atende a região de Ilha de Marajó, no estado do Pará, de acordo com o Programa Mulher Viver sem Violência, coordenado pela SPM. A agência-barco percorrerá nove municípos, levando serviços bancários à população e atendimento a mulheres em situação de violência. Serão oferecidas informações e esclarecimentos sobre os direitos das mulheres com base na Lei Maria da Penha, apoio a denúncias de qualquer tipo de violência e direcionamento para a justiça. Além de uma equipe da SPM, o Tribunal de Justiça também estará instalado na embarcação, o que facilitará o acesso das mulheres e dará celeridade aos processos. O momento de assinatura do acordo e entrega da embarcação foi acompanhado por uma grande quantidade de trabalhadoras rurais da região e integrantes dos movimentos sociais que defendem a causa. A vice-presidente e secretária de Mulheres da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará (FETAGRI-PA), Rita Luz Serra, acompanhou a cerimônia e falou sobre a importância da chegada da agência-barco para o combate à violência contra as mulheres no estado e, principalmente, na região da Ilha de Marajó. “Nós fomos surpreendidas pelo governo federal com essa ação, pois achávamos que demoraria pelo menos mais alguns anos para que esse atendimento fosse adaptado para as especificidades dessa região. É um sonho que se realiza agora, e essa conquista é motivo de muita comemoração”, diz Rita. A Ilha de Marajó é uma região muito isolada, de difícil acesso e muito distante da capital do estado, Belém. Por este motivo, as mulheres não recebem atendimento adequado. “O atendimento na região praticamente não existe. As delegacias só possuem delegados e as mulheres se sentem intimidadas para buscar ajuda. Dois municípios foram foco de tráfico de mulheres, e nós não sabíamos lidar com a situação por falta de estrutura. A chegada da unidade vai ser de suma importância no trabalho de enfrentamento à violência no Marajó”, conta Rita. Conquista da Marcha Esta é mais uma conquista da Marcha das Margaridas, que teve como reivindicação a implantação de unidades móveis voltadas para as trabalhadoras rurais em todos os estados brasileiros. As especificidades das regiões de difícil acesso, como em grande parte da região Norte, também foram negociadas com o governo, e a agência-barco é um exemplo dessa conquista. “A chegada desse barco vai levar cidadania para os moradores e moradoras da Ilha de Marajó. São exemplos de integração de políticas públicas como essa que podem acelerar o desenvolvimento do país”, finaliza a dirigente Rita Luz Serra.
A secretária de Mulheres da CONTAG, Alessandra Lunas, também comemora. "Esta é uma conquista das Margaridas das águas e das florestas. Garantir que políticas públicas de enfrentamento a violência contra mulheres do campo e da floresta possa chegar também nas regiões de difícil acesso como no caso da Amazônia e pantanal, tem sido parte das negociações da Marcha das Margaridas. É preciso tirar da invisibilidade a situação vivida por estas mulheres, que muitas vezes para chegar a um local que se pode fazer a denúncia, leva-se dias e dias de barco. Por esse motivo, muitas vezes o caso termina no silêncio das vítimas", destaca. FONTE: Imprensa CONTAG - Gabriella Avila