Um dos maiores problemas enfrentados pelos agricultores familiares argentinos é a má distribuição de terras. De acordo com a pesquisadora Sílvia Laura Ryan, 65% dos pequenos e médios produtores do país vizinho ocupam apenas 14% das propriedades rurais destinadas à agricultura familiar.
Estes dados fazem parte da pesquisa "Agricultura Familiar e Políticas de Desenvolvimento Rural nos Países do Mercosul", apresentada durante a XX Sessão Nacional Brasileira da Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar no Mercosul (REAF). A audiência ocorreu nos dias 30 e 31 de outubro, no Palácio do Planalto, em Brasília.
A pesquisa foi realizada pelo Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD), do Ministério do Desenvolvimento Agrário, em parceria com a Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAURGS) e pesquisadores da Argentina, Uruguai e Paraguai.
O secretário de Relações Internacionais da Contag, Alberto Broch, avalia que o estudo apresentado é importante para o movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (MSTTR). "O fato de as Federações estarem presentes na XX Sessão da REAF possibilita que apliquem essas experiências nos seus estados, além de técnicas, informações e programas que possam ser internalizados no movimento sindical".
Realidade no Mercosul - Na apresentação sobre o estudo na Argentina, a pesquisadora Sílvia Laura Ryan destacou a necessidade de criar políticas públicas específicas aos agricultores familiares. "Hoje, a agricultura familiar está começando a ter destaque maior na Argentina, inclusive, conseguimos instalar uma Subsecretaria de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural para discutir um orçamento e políticas para esse setor".
A participação efetiva do Estado na implantação de políticas públicas para agricultura familiar também foi lembrada pelo pesquisador uruguaio Miguel Angel Muniz. "Somente nos últimos anos é que alcançamos apoio do governo uruguaio, com a criação de políticas públicas para a área. Até 2004 ou 2005, não tínhamos nenhum auxílio." Um dos problemas é a falta de verbas, insumos e bens de produção para o setor, que conta hoje com 40 mil propriedades rurais destinadas à produção da agricultura familiar.
A conquista de abertura política no Mercosul para debater temas da agricultura familiar foi comemorada pelos participantes dessa sessão da REAF. "Esse espaço é fundamental para que possamos firmar a agricultura familiar no Mercosul. Por isso, acho que o Brasil tem uma importante contribuição para esse debate na REAF, na sua experiência enquanto luta social", reitera a coordenadora da Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag e vice-presidente da CUT, Carmem Foro. FONTE: Andréa Póvoas, Agência de Notícias Contag