O economista Ricardo Paes de Barros, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), afirmou, nesta segunda-feira (22), que o Brasil está cumprindo três vezes mais rápido a meta de Desenvolvimento do Milênio, adotada em 2000 pela Organização das Nações Unidas (ONU), para redução da miséria.
Atualmente, o país está reduzindo o número de miseráveis em 7,2%, enquanto a entidade exige 2,2% ao ano."Aquilo que o Brasil tinha que cumprir apenas em 2015 (primeira meta) ele já cumpriu em 2007", disse. Ainda de acordo com o economista, o ideal para o país é que a população pobre tenha um quarto da renda média total.
Segundo Barros, se a diminuição da desigualdade continuar nesse ritmo, serão necessários 18 anos para o Brasil se igualar ao resto mundo."Pela primeira vez na história tivemos queda por seis anos seguidos. Precisamos fazer isso mais três vezes, já que estávamos 24 anos atrasados. Agora faltam 18", apontou. O economista disse também que se estivéssemos em um "Congresso Mundial dos Pobres" o Brasil estaria na posição de número 61 do ranking.
Após a análise da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2007 divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última semana, o Ipea concluiu que a redução da desigualdade no Brasil está bastante avançada e que o motivo deste quadro positivo é o crescimento da renda e a diminuição da desigualdade social.
O coeficiente de Gini - que mede o nível de desigualdade e vai de zero a um - passou de 0,593 para 0,552 (quanto mais próximo do zero mais igualitário é o país). Apesar desta queda, a distribuição da renda per capita do Brasil permanece elevada, já que a fatia de renda dos 10% mais ricos representa cerca de 40% da renda total, ao mesmo tempo em que a fatia da metade mais pobre é de 15%.
No cenário internacional, o país continua em uma posição negativa de destaque. Apesar do progresso, ultrapassou apenas cinco de 126 países com desigualdade na distribuição de renda - 113 países ainda apresentam distribuição menos igualitária que o Brasil.
Segundo análise do Ipea, 62% dos países têm renda per capita inferior à brasileira e 46% têm a renda per capita dos 20% mais pobres menor que a dos 20% mais pobres brasileiros. Entre 2000 e 2007, a renda dos 20% mais pobres cresceu quase quatro pontos percentuais ao ano a mais do que a renda nacional. FONTE: Terra