O presidente da Guatemala, Álvaro Colom, fez um relato contundente na apresentação do painel “Mudanças Climáticas, Impactos e Desafios para a Guatemala e América Central”, durante a 16ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP 16), sobre os reflexos que já estão sendo sentidos e vividos cotidianamente pela população. Nos últimos dez anos aconteceram três furacões e 16 tempestades tropicais de grandes proporções exclusivamente em 2010. Estes eventos trouxeram mais de três bilhões de dólares em prejuízos materiais e milhares de perdas de vidas humanas, comprometendo a capacidade do país em produzir alimentos e de reconstruir infra-estrutura.
Somente no ano de 2010 o país ficou 109 dias em situação de emergência e ou calamidade em virtude das tempestades. Além disso, as mudanças climáticas afetaram outros países da América Central (El Salvador, México, Belize, Honduras, Nicarágua), comprovando que os eventos não obedecem à delimitação de fronteiras, o que demanda ações coordenadas entre as nações, mas que esbarram na capacidade interna de financiamento em pesquisa, recursos humanos e em estruturas de proteção social. Pois, dificilmente, contam com o aporte de recursos externos, oriundos, principalmente dos países ricos que por ora demonstram apenas discursos evasivos e promessas.
O depoimento do presidente Álvaro Colom, em presença do quadro de ameaças que se encontram todos os países aos reflexos das mudanças climáticas, classifica de ausência de responsabilidade dos governos presentes na COP 16 em demonstrar capacidade de negociação e urge medidas imediatas para transpor as dificuldades, além de chegar a um acordo mínimo sobre redução de emissões dos gases de efeito estufa e da adoção de processos produtivos sustentáveis. Os danos ambientais não são mais mera especulação científica, se tratam de acontecimentos reais onde os países menos desenvolvidos têm sido severamente os mais atingidos.
Os reflexos das mudanças climáticas estão produzindo o surgimento de uma nova figura social, “os refugiados climáticos” - um contingente humano que está sendo deslocado de seus locais de origem devido à precarização ou a destruição das condições objetivas dos meios de vida. Esta fragilidade pode estabelecer uma relação enganosa entre pobreza e a depredação dos recursos naturais muito longe de corresponder à realidade. FONTE: Eliziário Toledo, assessor da Contag, de Cancun.