O número de habitantes no meio rural vem diminuindo ao longo dos anos. Em 1950, 63,8% da população residiam no campo. Em 1980, reduziu para 32,3% da população total e a estimativa para 2050 gira em torno de 8%. Essa redução drástica é provocada por diversos fatores advindos por várias transformações ocorridas na sociedade e no seu modo de produção, como: maior concentração industrial nas áreas urbanas; escassez, penosidade e precariedade do trabalho no meio rural; mecanização; elevação da concentração de terra; e outros. (Dados IBGE)
Um dos públicos mais afetados por essas transformações foi o dos assalariados(as) rurais. Em 2012, o índice de informalidade nas relações de trabalho no campo era de 60,1%, atingindo 2,5 milhões de pessoas. Para agravar ainda mais a situação, existe grande rotatividade de mão-de-obra nas empresas rurais. “É muito comum em uma semana demitir 100 trabalhadores e na outra contratar outros 100. Depois de um ano de trabalho, as pessoas já estão com esgotamento físico e as empresas estão em busca de trabalhadores mais rentáveis e jovens”, informou a assalariada rural Marly Albuquerque Oliveira, de Concórdia/PA.
Marly tem carteira assinada por uma empresa da região especializada na exploração do dendê para biodiesel. “Os trabalhadores(as) rurais enfrentam dificuldades nas condições de trabalho, como o trabalho exaustivo, por exemplo. Aqui, a maioria dos assalariados rurais, que exercem trabalho braçal, são jovens e homens. As mulheres são direcionadas para a área administrativa, técnica e agrônoma. O que temos de positivo é que a maioria dos assalariados rurais daqui são beneficiados pelos acordos coletivos firmados na região, ganhando um pouco acima do salário mínimo e a garantia de alguns benefícios como vale refeição, plano de saúde e odontológico, entre outros”, explicou.
Marly também disse que, na região, é muito comum a prestação de serviço para a agricultura familiar na safra da pimenta-do-reino e da horticultura. No Ano Internacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena (AIAF-CI), a CONTAG destaca o importante papel dos assalariados(as) rurais na produção de alimentos saudáveis junto aos agricultores(as) familiares de todo o País, garantindo segurança e soberania alimentar aos brasileiros(as). Além disso, a relação de trabalho entre a agricultura familiar e os assalariados(as) rurais não é baseada na exploração da mão-de-obra, mas sim em boas práticas mediante a legislação trabalhista. FONTE: Imprensa CONTAG - Verônica Tozzi