A ferrovia Transnordestina vai cobrir um trecho entre o porto fluvial de Petrolina (PE) e Missão Velha (CE)
Crato. O canteiro de obras da ferrovia Transnordestina já se encontra no município de Brejo Santo. Mas isso não significa que o primeiro trecho de 32 quilômetros esteja em fase de conclusão. As máquinas foram deslocadas para Brejo Santo antes da conclusão do trecho de Missão Velha. Na verdade, apenas 10 quilômetros estão em condições de receber os trilhos, 10% do total de 100 quilômetros que liga Missão Velha a Salgueiro (PE).
A reportagem esteve no canteiro de obras e nos trechos já construídos. Entre a Vila Conceição, em Brejo Santo, e o Sítio Queimadas, em Abaiara, onde estão concentradas as máquinas pesadas, os trabalhos prosseguem em ritmo acelerado. Os moradores da área cortada pela ferrovia estão na expectativa de que o trem vai trazer desenvolvimento.
O agropecuarista Joaquim Leite Moreira, residente no Sítio Queimada, está entusiasmado com o empreendimento. Ele passa o dia no terreiro de casa, observando o movimento das máquinas. "Eu não entendo muito dessas coisas, mas estou com o pressentimento de que o trem vai ser bom para todos nós", acredita. Moreira diz que não tem do que reclamar. Ele foi indenizado com R$ 1.200,00 pelas terras.
O agricultor José Rolim Filho diz que o trem já começou a dar lucro com a abertura do mercado de trabalho para os operários que estão trabalhando na construção da ferrovia. Para Rolim, este foi o melhor presente para a região, principalmente para o município de Missão Velha que tem um grande número de desempregados.
Os representantes regionais das empresas que estão construindo a obra não dão informações. Um funcionário do escritório da Empresa Industrial Técnica S/A (EIT), responsável pela execução da obra, disse que somente a diretoria fala sobre o assunto. Em contato telefônico com a empresa em Fortaleza, não foi possível um retorno até o fechamento desta edição. O superintendente do Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transportes no Ceará (DNIT), Engenheiro Armando Fontenelle, foi lacônico. "Somos responsáveis apenas pelas desapropriações. Cabe à Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) fornecer mais detalhes", afirmou.
Depois de vários telefonemas, a reportagem falou com a secretária do presidente da CFN, Tufi Daher Filho, que prometeu agendar uma possível entrevista. Também não houve retorno do órgão até o fechamento desta edição.
De acordo com o projeto, a ferrovia vai cobrir um trecho entre o porto fluvial de Petrolina (PE) e Missão Velha (CE), onde se interligará a malha nordestina administrada pela Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN). Um segundo trecho projetado ligará o município cearense de Araripe e o Porto de Suape (PE). Essa via já foi apelidada de "ramal do gesso", pois servirá para transportar esse produto para exportação.
A construção e operação estão a cargo CFN ? concessionária da malha ferroviária da região. O projeto exigirá investimentos de R$ 4,5 bilhões, que serão aplicados na construção do novo trecho, compra de novos vagões e locomotivas e na recuperação de trechos.
A ferrovia faz parte do Plano de Revitalização de Ferrovias, lançado pelo presidente Lula. Serão 1.860 quilômetros de extensão, sendo 905 de novas linhas. A previsão é de que a obra seja concluída em três anos. Terá capacidade de transportar 30 milhões de toneladas de carga por ano, de produtos como soja, biodiesel, frutas, álcool e minérios.
SAIBA MAIS
Importância
A Ferrovia Transnordestina é importante não apenas para Pernambuco, mas, igualmente, para os nove Estados do Nordeste, desde o Maranhão até a Bahia, interligando os pólos de produção agrícola, mineral e industrial da região. Foi iniciada sua implantação no ano de 1990.
Extensão
Com cerca de 2 mil quilômetros de extensão, a ferrovia ligará os portos de Suape (PE) e Pecém (CE) a regiões como o sudeste do Piauí, sul do Maranhão e oeste da Bahia, transportando produtos diversos.
Mais informações:
Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN)
Avenida Francisco Sá, 4829, Álvaro Weyne, Fortaleza
4008.2525 ou 3286.1836
ANTÔNIO VICELMO
Repórter FONTE: Diário do Nordeste ? CE