No dia 17 de dezembro é comemorado o Dia Nacional do bioma Pampa. Reconhecido oficialmente como bioma em 2004, o Pampa se estende em uma área de 176.496 Km² no Rio Grande do Sul e nos países do Uruguai e Argentina. Correspondendo 63% do território do estado brasileiro e 2,1% do território nacional.
Cheio de vida, o Pampa abriga uma diversidade de mamíferos, aves, anfíbios, répteis e plantas e também o aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água doce do mundo. Ao todo são aproximadamente três mil espécies de plantas e quase 100 espécies de mamíferos.
Apesar da grande biodiversidade, o bioma tem sido esquecido ao longo do tempo, o que tem ocasionado perda progressiva da sua fauna e flora com o avanço da monocultura de soja, de florestas de eucalipto e pinus e de projetos de mineração. Só nos nove primeiros meses de 2020, a área queimada no Pampa foi a maior já registrada na série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que acompanha os dados desde 2002.
No bioma que deveria ser preservado, apenas 3,3% da sua vegetação encontra-se protegida, 2,4% em unidades de conservação de uso sustentável e 0,9% em unidades de conservação de proteção integral, de acordo com informações do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)
Em contraponto ao modelo adotado pelo agronegócio, a agricultura familiar tem papel fundamental para a conservação do bioma, pois adota práticas sustentáveis, como a proteção de nascentes, plantio de árvores, cultivo sem o uso de agrotóxicos, distribuição de sementes crioulas, entre outras práticas que respeitam o meio ambiente.
Um exemplo vem lá do cerro do Jarau, no município de Quaraí, no oeste do Rio Grande do Sul, região do Pampa onde o Brasil faz fronteira direta com o Uruguai.
No Jarau, Guilherme Gazapina Schmidt e Kátia Lagreca Schmidt e os dois filhos, além da plantação de uma horta orgânica, da criação de gado leiteiro e de cavalos crioulos, trabalham na propriedade com o turismo rural. Uma oportunidade diária de conscientizar quem visita o local sobre a importância da preservação do bioma Pampa.
Mantemos local sempre arrumado para receber os turistas. Muitosdeles são pesquisadores de universidades que vêm conhecer e estudar o cerro do Jarau. E a partir da orientação que a nossa família recebe do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares, conscientizamos quem nos visita sobre a importância da preservação do campo e do reflorestamento de árvores nativas no bioma Pampa, compartilha a agricultora Kátia Lagreca Schmidt.
Guilherme diz que trabalhar com o turismo rural foi uma opção imposta pelas consequências do cultivo da monocultura que ao longo do tempo foi devastando o cerro do Jarau, deixando a terra improdutiva. Mas que aos poucos, através da conscientização de quem visita a propriedade no cerro, o campo, árvores e animais do Pampa estão voltando.
O nosso trabalho de conscientização é fundamental para resgatar e preservar o Pampa. Aos poucos o campo vai brotando, os animais vão voltando e as árvores se multiplicando, destaca o agricultor Guilherme Gazapina.
No dia do Pampa, a CONTAG mais uma vez ressalta a importância e a necessidade do poder público pensar normas ambientais e políticas públicas que priorizem a conservação e uso sustentável do bioma.
Cabe ao poder público pensar normas ambientais e políticas públicas que priorizem a conservação e uso sustentável do bioma, de forma que seja salvaguardada a natureza, os povos do campo, as tradições e cultura do território Pampeano, afirma a secretária de Meio Ambiente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), Sandra Bonetti.
FONTE: Comunicação CONTAG - Barack Fernandes