Para quem não sabe ou não acredita na força do MST diga-se que forma uma significativa corporação empresarial com qualidades que muitas vezes faltam às empresas: liderança, determinação e disciplina.
Segundo observações de estudiosos o Movimento administra uma receita de valor milionário, capta contribuições internacionais, vende seus produtos, explora sua marca e treina seus quadros ininterruptamente. Tem bandeira socialista, mas age como grupo capitalista.
Outro exemplo de sua atividade empresarial é um centro de treinamento que está sendo construído em São Paulo e a universidade corporativa de nome Escola Nacional Florestan Fernandes.
Fundado em 1984 o MST tem como grande líder um gaúcho: João Pedro Stédile. Abaixo dele três nomes com força: Gilmar Mauro, Roberto Baggio e Mário Lill. Descendo a hierarquia há os coordenadores regionais e os militantes, todos assalariados.
Para sustentar essa ?empresa? é preciso uma alta receita e ela vem de muitos quadrantes: do ministério do Desenvolvimento Agrário, Trabalho e Educação, via convênios para treinamento e assistência técnica nos assentamentos, da Igreja Católica progressista e das entidades internacionais interessadas na propagação da ideologia do Movimento. A Frères dês Hommes e a Cáritas são organizações que ponteiam grandes captações de recursos europeus para o Movimento além de oferecerem generosas contribuições. Outra fonte de renda do MST é a cobrança de 1% do que é produzido nos assentamentos e o chamado pedágio de 3% cobrado na liberação dos empréstimos para a agricultura familiar e projetos habitacionais. Somando todas as entradas financeiras a receita do Movimento é realmente milionária.
Como o capitalismo é mais interessante do que outras idéias o MST vem diversificando suas atividades e buscando novos nichos de mercado como a destilaria Paladar que produz cachaça na Bahia e a agência de turismo rural denominada Turismo Solidário (MSTur) administrada pelo filho de João Pedro Stédile.
Em meio a essas ações o MST enfrenta um inimigo produzido pela própria organização: os sem-terra após se tornarem donos das áreas passam a defender a propriedade privada e, por decorrência, tornam-se capitalistas passando a discutir sobre capital de giro, geração de caixa e lucro. E o sonho revolucionário de ideais socialistas defendidos no início da caminhada dissolve-se como açúcar em água.
Sandra Silva,jornalista e socióloga FONTE: Diário do Amazonas ? AM