A Brigada Militar prendeu cinco pessoas ontem, durante operação para cumprir mandados de busca e apreensão de armas num acampamento do Movimento dos Sem-Terra (MST) em São Gabriel (RS). Ao fazer a identificação dos 800 acampados, a polícia descobriu que havia mandados de prisão contra dois deles e um terceiro estava foragido. Todos respondem por crimes comuns, não relacionados à questão agrária, informou o ouvidor de Segurança Pública gaúcho, Adão Paiani, que acompanhou toda a ação.
Outros dois sem-terra foram detidos por desacato. Foram levados à delegacia e liberados.
Na operação, a polícia não encontrou as armas de fogo que procurava. Mas apreendeu 9 coquetéis molotov, 15 facões, 19 escudos de madeira, 81 foices, 16 facões, 20 estilingues e 32 facas nas barracas dos acampados.
Ligado ao MST, o deputado Adão Pretto (PT) quis acompanhar a operação, mas ficou retido numa barreira de ruralistas a 8 quilômetros do local. Quando chegou ao acampamento, encontrou os sem-terra sentados no chão, com a cabeça entre os joelhos e proibidos de se mover. "Eles humilharam as pessoas, disseram que iam procurar objetos roubados e armas e não encontraram nada." Ao comentar a prisão dos três procurados pela Justiça, o deputado disse que nem todos são anjos e que isso ocorre em toda a sociedade e não só entre os sem-terra.
Enquanto a polícia entrava no acampamento, o MST promoveu 11 bloqueios de rodovias em Piratini, Hulha Negra, Júlio de Castilhos, Santana do Livramento, Nova Santa Rita, Pontão, Gramado dos Loureiros, São Luiz Gonzaga, Arroio Grande, Charqueadas e Lagoa Vermelha.
Em nota, o MST dizia temer a truculência do chefe da operação em São Gabriel, coronel Paulo Mendes, a quem acusa pelos ferimentos em 50 mulheres durante desocupação em Rosário do Sul, em 8 de março. "Violência foi o que eles fizeram quando invadiram a Fazenda Southall (em abril), matando animais domésticos", rebateu Mendes. FONTE: O Estado de São Paulo - 09/05/2008