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Os pequenos agricultores do Vale do Rio Pardo que caminham a passos largos para produzir mais do que fumo e alimento estão colhendo, por enquanto, indefinição. Para tentar clarear o futuro da agroenergia - caminho sem volta diante da crescente preocupação ambiental e da necessária redução da dependência do petróleo no mundo -, a oitava edição da Expoagro Afubra mostra até hoje, no Parque Hainsi Gralow, em Rincão Del Rey, no interior de Rio Pardo, desde variedades para produção do óleo vegetal até a utilização do biodiesel em motores de máquinas agrícolas. Ontem o tema foi alvo de muita discussão.
Em uma empolgante palestra para 300 pessoas que durou quase duas horas, o consultor Antonio Sartori, da Brasoja, deixou claro que a bioenergia precisa de mais pesquisa antes de ser plenamente introduzida nas pequenas propriedades. "A mamona, por exemplo, que é uma opção do governo federal para ser plantada em terras áridas com menor precipitação pluviométrica, ainda apresenta produtividade de 700 quilos por hectare. Não basta ter quase 50% de óleo se produz só 700 quilos por hectare", disse. O especialista anunciou, no entanto, que a Embrapa Pelotas já trabalha com variedades que produzem até 3 mil quilos por hectare.
"A pesquisa precisa avançar. E é aí que entra a importância de eventos como a Expoagro", destacou ele, afirmando que a agroenergia é um caminho sem volta em todo o mundo. "A produção mundial de petróleo vai atingir seu pico daqui a cinco anos. Depois, a tendência é que comece a diminuir. Ao mesmo tempo, não existe óleo vegetal suficiente para produzir biodiesel", alertou, destacando que a crescente demanda pelo produto é um dos principais pilares das boas perspectivas que se tem para o futuro do agronegócio no Estado, no Brasil e no mundo. "Nós somos produtores de energia", frisou. Segundo Sartori, estudos internacionais apontam que a energia é a principal preocupação das autoridades, seguida da escassez de água e da produção de alimento.
PLANETA BRASIL
A necessidade de matéria-prima para a bioenergia aliada ao crescimento populacional e do poder aquisitivo e também às mudanças de hábitos alimentares estão desenhando um cenário favorável para o homem do campo pelo menos nos próximos 50 anos. "Em 2050 o mundo terá que produzir 100% a mais de alimentos do que hoje", citou, destacando que a fruticultura irrigada e a produção de carne suína e de frango são boas alternativas para a pequena propriedade. "A pequena propriedade é viável. Depende da atividade e da tecnologia que usa", acrescentou. Como os principais produtores - Estados Unidos e Europa, por exemplo - não têm mais espaço para produzir e o Brasil tem área para quadriplicar a produção sem invadir a floresta amazônica, Sartori avalia que, com investimento em pesquisa para aumentar a produtividade, o Brasil colherá bons frutos no futuro. FONTE: Gazeta do Sul ? RS