O número de carvoarias existentes no Piauí dobrou em relação ao ano passado. Em 2007 eram 25 carvoarias distribuídas pelo Estado e neste já passa de 50, sendo que este número pode ser bem maior, pois muitas atuam na ilegalidade e não foram sequer identificadas. A maior parte destas carvoarias atua com licenças ambientais, que permitem a devastação de 80% da área explorada. De acordo com a Federação dos Trabalhadores em Agricultura do Piauí - Fetag-PI, a situação é mais grave em municípios como Canto do Buriti e Jerumenha, que concentram, juntos, 13 carvoarias.
O diretor de Políticas Salariais da Fetag, Anfrísio Moura, afirma que o Piauí é o segundo maior produtor de carvão do país, perdendo apenas para o Estado do Maranhão. O carvão produzido aqui é vendido para indústrias, que exportam o produto para outros países. "Não há piauiense investindo em carvão aqui. Quem compra terra para explorar vem principalmente dos Estados da Bahia, Minas Gerais, Maranhão, To-cantins e Goiás", disse.
Anfrísio diz que na região onde está situado o município de Corrente, a 874 km de Teresina, há uma dificuldade maior em identificar as carvoarias, já que a maioria atua sem autorização. "Isto quer dizer que o número de carvoarias deve ser bem superior ao número levantado até então". Enquanto a maioria das carvoarias funciona com autorização, a licença ambiental é negada aos 466 (num total de 500) assentamentos distribuídos pelo Estado. "O Governo precisa entender que é a agricultura familiar quem sustenta este Estado. Sem licença ambiental não há produção e os trabalhadores acabam migrando para outras regiões", disse o diretor.
Se estes assentamentos fossem licenciados, explica Anfrísio, os agricultores poderiam desmatar uma parte da área para criar um campo agrícola. "Se a produção cai, aumentam os preços dos produtos. Com esta exploração desenfreada as terras férteis do Piauí diminuem cada vez mais e as carvoarias ainda contribuem para o aumento do aquecimento global", diz.
Além de destruir as terras férteis, as carvoarias não geram emprego nem renda para o Estado. "Cerca de 95% dos trabalhadores não são piaui-enses. Eles são trazidos a cada 15 dias, justamente para não se formar um vínculo empregatício", disse. O diretor diz que a situação será discutida hoje, a partir das 16 horas, na Delegacia Regional do Trabalho. "Vamos pedir para o Estado frear a liberação de autorizações, senão daqui a cinco anos o Estado estará totalmente devastado, como outros Estados do Sul do país já estão", finalizou.
Esta semana é toda dedicada ao meio ambiente e as queimadas são grandes responsáveis pela devastação que está ocorrendo em imensas áreas em todo o Piauí.
A falta de uma fiscalização constante facilita que estas áreas sejam devastadas e não seja implantado um plano de manejo ambiental adequado.
FONTE: Diário do Piauí - 04/06/2008