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NOVIDADES SÃO MUITAS, MAS CARVÃ
Novidades são muitas, mas carvão se mantém
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12 de Dezembro de 2007

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A euforia inicial a respeito do etanol, produzido a partir do milho, já se dissipou. Quando o presidente George W. Bush lamentou a dependência dos EUA do petróleo, em janeiro de 2006, poucos previram os atuais riscos do setor do etanol. Embora os preços tenham chegado perto dos US$ 100 o barril, as produtoras decidiram fechar alguns fábricas e abandonar novos planos, pois o excesso do combustível causou uma queda dos preços superior a 50% em comparação às altas de 2006.

O problema deve ser atribuído em parte ao fato de os EUA carecem de uma rede de distribuição do etanol. Conseqüentemente, algumas empresas acham mais barato importar do Brasil que usar o combustível nacional. Agora, os produtores estão-se voltando contra o etanol porque o boom levou a um aumento vertiginoso dos preços do milho e de outras commodities, inclusive rações animais.

Os produtores de leite, carne bovina e aves dos EUA agora atribuem a elevação dos preços das rações ao aumento dos custos. As associações de produtores do país decidiram bloquear a construção de novas fábricas de etanol. E o Conselho Nacional de Pesquisas dos EUA advertiu que a produção de etanol exige quantidades excessivas de água ameaçando estoques hídricos.

Depois do seu desapontamento com o etanol à base de milho, a indústria do biocombustível agora está interessada em explorar o pinhão manso, um vegetal tóxico, não comestível, que cresce em zonas desérticas e exige pouquíssima água. As sementes de pinhão manso rendem 35% de óleo em termos de peso e a planta é considerada indispensável para a indústria do biodiesel, que foi obrigada a reduzir a produção pois os preços do óleo de palma e outros subiram bastante. Até o momento, foram plantados milhões de hectares de pinhão manso na China, Índia e no Brasil.

No papel, o pinhão manso parece fantástico. O seu cultivo em larga escala pouco influirá nos preços dos alimentos - não é comestível e cresce em áreas não agriculturáveis; é de grande rendimento e não exige fertilizantes nem dispendiosos sistema de irrigação. Por que não agradaria? Por uma série de motivos.

A cultura ainda não foi bem domesticada e o rendimento das plantas silvestres varia de um ano ao outro. Segundo cientistas brasileiros e indianos, serão necessários pelo menos mais dois ou três anos de pesquisas sistemáticas antes que o cultivo em larga escala seja viável. O que é pior, os produtores se sentirão tentados a plantar o pinhão manso a fim de aumentar seu rendimento, negando sua principal vantagem em relação a outras matérias-primas. Em vez de ser uma "planta milagrosa", o poderá acabar prejudicando a renda dos produtores e aumentar a pressão sobre os preços dos alimentos já altos, além de alimentar a inflação.

Se a safra atual de biocombustíveis não fornecer uma solução para as necessidades globais de energia no curto prazo, tampouco o conseguirá a energia nuclear. Apesar de toda a propaganda a respeito do renascimento desta fonte energética, será construído um número menor de novas usinas nucleares do que estava previsto. Neste caso, o gargalo não é constituído pelo urânio, mas pela escassez de mão-de-obra e pela capacidade das indústrias de produzir componentes básicos para as usinas.

Só duas companhias, a Japan Steel Works, e a francesa Creusot Forge, estão qualificadas para fornecer as pesadas peças forjadas necessárias para fabricar os vasos de pressão do reator nuclear e os geradores de vapor. A Japan Steel Works tem pedidos para três anos. Devido às restrições, só será construída uma fração dos 107 reatores previstos até 2020.

Por trás de toda a publicidade a respeito das novas tecnologias há uma verdade desagradável. O mundo dependerá cada vez mais do carvão. Mesmo que a produção nuclear e de biocombustível atingisse as metas esperadas, sequer afetaria o uso do carvão. Segundo a AIE, o consumo de carvão crescerá 2,2% ao ano até 2030, em comparação com apenas 1,4% da energia nuclear.

As mineradoras de carvão da Austrália, Indonésia e África do Sul esforçam-se para atender à demanda da China e da Índia. A Tata Power prevê que, nos próximos cinco anos, a demanda de carvão térmico ultrapassará a oferta. A Richards Bay Coal Terminal da África do Sul, o maior terminal de exportação de carvão do mundo, anunciou recentemente que prevê que as vendas para a Índia aumentarão 30 vezes em 2007.

As empresas de energia da Índia procuram garantir os fornecimentos externos. A Tata Power pagou US$ 1,1 bilhão por uma participação em duas companhias de carvão indonésias, no início deste ano. Outras companhias indianas deverão seguir o exemplo da Tata. As companhias de carvão da China também se expandem globalmente.

Ao mesmo tempo, os gargalos que se criaram na infra-estrutura dos terminais de exportação de carvão e das ferrovias que levam o carvão até os portos contribuíram para empurrar as tarifas de carga para navios para patamares recordes. Isto contribuiu para elevar os preços do carvão e de outras commodities. Não há nenhum sinal de uma próxima redução do boom do carvão. Os preços do carvão na Ásia registraram altas recordes nas últimas semanas e deverão subir ainda mais. Os negociadores da cúpula sobre as mudanças climáticas, reunidos em Bali, não terão outra escolha senão encarar o fato de que o reinado do "rei" carvão deve continuar indefinidamente. (Deepak Gopinath - Diretor do www.trustedsources.co.uk) FONTE: Gazeta Mercantil ? SP



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