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NO PRIMEIRO PROJETO, EM GANA, B
No primeiro projeto, em Gana, biocombustível será exportado para a Suécia; banco deve investir US$ 204 milhões
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23 de Abril de 2008

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fechou ontem o financiamento para a produção de etanol na África. O primeiro projeto foi acertado entre Brasil e Gana para a exportações do biocombustível para a Suécia, país europeu que hoje mais consome o etanol e que está comprometido em expandir o uso do novo combustível até 2020.

Outros cinco países africanos serão alvo da diplomacia do etanol do Brasil nos próximos meses. O primeiro projeto ocorrerá na cidade de Makago, em Gana, entre a Northern Sugar Resources e a Constram.

Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o projeto gera desenvolvimento, cria empregos e ainda reduz emissões de gás carbônico (CO2), um dos gases responsáveis pelo efeito estufa. "Estamos dispostos a compartilhar com a África a experiência que adquirimos."

BAGAÇOSegundo Lula, o plantio vai permitir a produção de 150 milhões de litros de etanol, enquanto o bagaço da cana-de-açúcar vai ser usado para gerar energia. No total, o investimento será de US$ 306 milhões para plantar cana em 27 mil hectares, além da construção da usina de processamento do etanol. Dois terços do total de recursos virão do BNDES, o equivalente a US$ 204 milhões.

O governo quer agora levar a idéia para, pelo menos, outros cinco países, entre eles Burkina Faso. O desafio, segundo os técnicos, é o de conseguir plantar a cana. A propriedade privada praticamente não existe nessa região da África e todas as terras são do governo, que faz concessões de 50 anos.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), órgão ligado ao Ministério da Agricultura, fornecerá ajuda na implantação do projeto do etanol.

Para Lula, o projeto pode ter um impacto positivo na redução da fome nas regiões atingidas. Além da geração de empregos no processo de produção do biocombustível, a Embrapa aponta que o bagaço da cana pode ser usado para alimentar o gado e outros animais, barateando o custo de produção de carnes e de ovos. "Temos de evitar que a alta dos alimentos faça os países pobres sofrerem", disse o presidente.

POBREZAA Organização das Nações Unidas (ONU) já admite que os países africanos não conseguirão atingir as metas de redução de pobreza até 2015 e planejam medidas para serem tomadas até 2050.

Ontem, na Conferência da ONU para o Desenvolvimento e Comércio (Unctad), o secretário-geral da entidade, Ban Ki Moon, alertou que as oportunidades para salvar a África estão se tornando cada vez menores e que o boom dos preços das commodities precisa ser usado para distribuir melhor a renda e tirar milhões de pessoas da pobreza.

Em 2000, os países da ONU fecharam um compromisso para garantir a redução da pobreza no mundo pela metade em 15 anos. Mas, pelos cálculos da ONU, as metas de redução de pobreza podem ser atingidas não nos próximos sete anos, mas apenas em 43 anos.

Mesmo assim, isso exigirá que os países tenham um crescimento médio de 7% ao ano até lá, algo que é considerado por alguns economistas praticamente impossível, diante do caos político que a região enfrenta.

Para Ban Ki Moon, nem toda a crise nos preços das commodities, com a elevação das cotações, deve ser vista como um problema. Em sua avaliação, os governos dos países africanos exportadores de certos produtos devem aproveitar o momento de forte alta nos preços para aumentar sua renda e incrementar os gastos em melhorias sociais.

FONTE: O Estado de São Paulo - 22-04-2008



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