O Dia Nacional do Cerrado é celebrado anualmente em 11 de setembro. A data foi criada no ano de 2003 como forma de valorizar o bioma por sua rica biodiversidade, composto por aproximadamente 10.000 espécies diferentes de flora, dentre as quais o babaçu, murici, mangaba, pequi, buriti, bem como por uma infinidade de animais, como papagaios, tatus, lontras, macacos, entre outros. Toda essa riqueza está concentrada em grande parte do território brasileiro, numa área de 2 milhões de km², o que o torna a maior savana do mundo em biodiversidade.
Apesar de termos o que celebrar por suas riquezas naturais e rica biodiversidade, por outro lado, esse bioma tornou-se motivo de preocupação uma vez que vem sendo submetido a um vasto processo de descaracterização ocasionado pelas queimadas e desmatamentos, com o avanço das monoculturas e pecuária, além do processo de urbanização, da atividade de mineração, da caça ilegal que, inclusive, põe em risco a extinção de algumas espécies, a exemplo da onça pintada, preá, jaguatirica, dentre outras. Essa situação gera graves impactos ambientais. Hoje, o Cerrado conserva apenas 20% de área original, sendo que 80% de sua área já foi modificada pela ação humana.
Um problema recorrente no Cerrado é a questão das queimadas. Esse bioma contabiliza mais focos de incêndio no mês de agosto desse ano comparado a outros índices mensais de 2021, são cerca de 27.542 focos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O total registrado é maior que o apurado de 1º de janeiro a 31 de agosto de 2020, quando foram registrados em torno de 24.205 focos de queimadas, ou seja, em menos de um ano o crescimento de pontos de queimadas foi de 13,7%. A CONTAG entende que essa é uma situação degradante e preocupante, que precisa ser controlada e combatida com ações promovidas de forma conjunta pelos governos federal, estaduais e municipais, que devem passar por medidas de prevenção, mas também por ampliar e reforçar a fiscalização em relação aos crimes ambientais ali cometidos.
O Cerrado sofre, ainda, com as consequências de um modelo de produção efetivado através do agronegócio, que tem como algumas de suas características a concentração de terra, a monocultura de grãos, o uso abusivo e indiscriminado de agrotóxicos, a mecanização da produção, que gera prejuízos ambientais ao bioma, à sua fauna e flora. Contudo, apesar de todos os interesses econômicos que avançam de forma predatória sobre o bioma, é importante destacar que há um processo de resistência dos povos que tradicionalmente ali habitam.
Nesse sentido, a produção agrícola oriunda da agricultura familiar inclui atividades extrativistas, onde os agricultores e agricultoras familiares coletam espécies nativas para se alimentar, comercializar ou processar os produtos ali existentes, agregando valor e geração de renda, trabalhando de forma sustentável. Portanto, cabe reconhecer a importância da agricultura familiar e seu importante papel para a soberania e segurança alimentar e na preservação do Cerrado.
O Dia Nacional do Cerrado vem nos lembrar de sua extrema importância para a manutenção do equilíbrio ecológico e hidrológico do Brasil, bem como de sua relevância social para as comunidades tracionais, quilombolas, indígenas, ribeirinhas, babaçueiras e vazanteiras, que obtém do Cerrado parte de sua sobrevivência e de suas famílias.
Por tudo isso, e como segundo maior bioma da América do Sul, é necessário o esforço de todos e todas, de governos e sociedade para a conservação da fauna, flora e dos recursos naturais do Cerrado. A CONTAG, suas Federações e Sindicatos filiados somam-se à luta pela realização de ações sustentáveis em defesa, pela preservação e contra a devastação do Cerrado brasileiro e em respeito aos povos e comunidades tradicionais que vivem e dependem desse importante bioma. FONTE: Secretaria de Meio Ambiente da CONTAG