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SALVADOR - O bispo da diocese de Barra, dom Luís Flávio Cappio, chega ao nono dia em greve de fome na cidade de Sobradinho (BA). O religioso anunciou que vai passar a ingerir soro caseiro, por estar debilitado. Dom Cappio disse também que só volta a se alimentar quando o governo federal suspender as obras de transposição do rio São Francisco e arquivar o projeto.
A primeira etapa está sendo executada pelo Exército nas cidades de Cabrobó e Floresta, no sertão de Pernambuco. O governo já informou que não vai atender à reivindicação do bispo. Esta semana o Ministério da Integração Nacional assinou um novo contrato com empresas que deverão fazer os serviços de engenharia e terraplanagem das obras.
Na quarta-feira, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil divulgou nota de apoio ao protesto do bispo. O conselho entende que a greve de fome é um gesto de tradição cristã demonstrado pelos mártires.
A nota das igrejas cristãs também condena a transposição e pede que o governo retome o diálogo com a sociedade para defender os direitos humanos da população do semi-árido. No oeste da Bahia, cerca de 300 pessoas fecharam a ponte sobre o rio.
Também nesta quarta-feira, cerca de 500 pessoas, entre religiosos, índios e integrantes de movimentos sociais do médio São Francisco, bloquearam a ponte da BR-242 que atravessa o rio, no município de Ibotirama, a 640 quilômetros a oeste de Salvador. A manifestação foi um ato de apoio à greve de fome do bispo e uma ação de repúdio ao projeto de transposição.
O cardeal e arcebispo-primaz do Brasil, Dom Geraldo Majella, encontrou-se na última terça-feira com Dom Luiz Cappio, em Sobradinho. Ele entregou uma carta de bispos da Bahia e Sergipe, através da qual os religiosos prestam solidariedade a Dom Cappio, mas não apóiam a greve de fome.
Apoiador de Lula na primeira campanha à presidência, o bispo tornou-se um dos símbolos da luta contra o projeto de transposição do Rio São Francisco ao iniciar, em setembro de 2005, a primeira greve de fome às margens do rio.
Naquela época, entre as reivindicações do bispo, estavam a retomada das negociações com os movimentos sociais de defesa da Bacia do São Francisco. O protesto chamou a atenção da imprensa internacional e, após dez dias, Lula mandou ao local o então ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, atual governador da Bahia, que negociou com o bispo o fim da greve de fome. FONTE: Globo Online ? RJ