Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Maria dos Anjos, garantiu hoje (7), que não haverá falta de trigo no Brasil. A próxima safra nacional do produto só deve entrar no mercado no início de agosto e, até lá, o país é abastecido por importações. O diretor assumiu, no entanto, que o preço do trigo e de seus derivados, como o pãozinho, pode aumentar.
Ontem (6), a Câmara de Comércio Exterior (Camex), publicou a nova Lista de Exceção à Tarifa Externa Comum (TEC). Além de incluir o trigo na lista, a tarifa de importação do produto de países que não pertencem ao Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi reduzida a zero. A redução se aplica a 1 milhão de toneladas de trigo que entrarem no Brasil até 30 de junho deste ano.
A mudança tem como objetivo diminuir o impacto da queda no fornecimento de trigo da Argentina, principal país exportador de trigo para consumo brasileiro. Com isso, o produto importado de países como os Estados Unidos e o Canadá até o meio deste ano virá isento de imposto de importação, assim como o trigo argentino.
"Se você tivesse que buscar com a alíquota de 10%, esse produto custaria 10% a mais, então a redução é exatamente para evitar esse impacto, porque trazer de fora vai ter que trazer mesmo", afirmou José Maria dos Anjos em entrevista à Agência Brasil. No entanto, ele admite que ainda assim o grão pode vir mais caro do que o que vem do país vizinho. Um dos motivos citado pelo diretor é o frete, mais caro por causa da distância.
Os motivos da insuficiência de trigo vindo do país vizinho são suspensões que a Argentina tem feito à exportação do grão. Mesmo com a liberação de 2 milhões de toneladas do grão, anunciada no final de janeiro, a quantia não seria suficiente, tornando a importação de outros países necessária.
"Nós estamos calculando que esse 1 milhão de toneladas, mais o que vai ser importado da Argentina, supriria o mercado até a entrada da próxima safra", afirma o diretor.
Sobre o preço, José Maria diz que o que vai determinar um possível aumento no pãozinho é o preço do trigo no mercado mundial. "Como nós somos importadores de praticamente 70% do nosso consumo - nós consumimos 10 milhões de toneladas e produzimos 3,8 milhões, o resto nós importamos - então nós estamos sujeitos ao preço do mercado internacional", explica.
Atualmente, o preço do bushel (medida que equivale a 27,215 quilos de trigo) está em torno de US$ 10. Segundo o diretor, entre janeiro de 2005 e maio de 2007, o preço variava entre US$ 3,20 e US$ 4,70. O aumento no preço do grão, de acordo com José Maria, é decorrente de quebras de safras em outros países produtores de trigo. Os mesmos problemas - quebra mundial de safra e interrupção da importação de trigo da Argentina - fizeram com que o preço do pão francês subisse em média 10% em julho do ano passado FONTE: Agência Brasil ? DF