Foi preciso mudar de auditório para que houvesse espaço para as mulheres rurais no lançamento do movimento Mulheres Contra a Reforma da Previdência, na manhã de hoje (08) na Câmara dos Deputados, em Brasília. Mesmo enfrentando dificuldades para entrar na chamada Casa do Povo, as trabalhadoras rurais marcaram forte presença para se posicionar contrariamente ao desmonte da Previdência proposto pelo governo de Michel Temer. Representantes de diversas instituições sociais e sindicais participaram do ato, que contou também com deputadas e senadoras, além de cidadãs que queriam se informar sobre como a PEC 287/2016 vai afetar a vida das mulheres brasileiras. Estavam presentes representantes da ONU Mulheres, da Ordem dos Advogados do Brasil, do Ministério Público do Trabalho, da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília, da Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados, do Sindicato dos Funcionários Públicos do Distrito Federal, Centro de Estudos Femininos e Políticas para Mulheres (Cefêmea), Rosas pela Democracia, do Movimento Nacional Contra a Corrupção e pela Democracia (MNCCD) e muitos outros.
Foto: Anna Carolina Carvalho Foi unânime entre as integrantes da mesa de que a Reforma da Previdência tal como apresentada pelos atuais ocupantes do Poder Executivo representa, além de um enorme retrocesso, um ato de injustiça contra as cidadãs(ãos) brasileiras(os), especialmente as mulheres e, sobretudo, as mais pobres. O argumento do atual governo federal de que há um rombo na Previdência não condiz com a realidade. Todas as integrantes da mesa mencionaram o estudo da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip) que demonstra que não falta dinheiro para a Previdência, porque ela faz parte do sistema de Seguridade Social, que inclui ainda a Saúde e a Assistência Social. Na verdade, sobram R$ 11,2 bilhões. “As mulheres rurais têm jornada tripla de trabalho: cuidam da produção, da casa, da família. Começamos nossa jornada diária às 4h30 e só terminamos às 23h. Começamos a trabalhar antes do 14 anos e só teremos o direito de pedir a aposentadoria mais de 40 anos depois, para ganhar o benefício mínimo, de um salário mínimo. Se aumentarem a idade mínima para 65 anos, serão mais de 50 anos de trabalho diário, no sol e na chuva, sem acesso às políticas básicas de saúde, saneamento, educação, transporte. A proposta do governo de Michel Temer também não leva em consideração que os segurados especiais do campo contribuem, sim, para a Previdência, por meio de percentual sobre cada uma das vendas de seus produtos. Nós mulheres rurais nos unimos a todas as mulheres brasileiras na luta contra essa injustiça”, afirmou a representante da CONTAG no evento, Alaíde Bagetto Maraes.
Foto: Anna Carolina Carvalho A PEC 287/2016, se aprovada, aprofundará as desigualdades sociais, porque além de desconsiderar as diferenças das condições de trabalho dos meios urbano e rural, desconsidera também e as discriminações em relação à gênero e etnia no mercado de trabalho. De acordo com pesquisa da ONU Mulheres, ainda hoje, as mulheres recebem cerca de 30% a menos que os homens, mesmo que ocupem os mesmos postos de trabalho. Entre as mulheres negras, a diferença é ainda maior: elas recebem cerca de 42% a menos que os homens. As deputadas Erika Kokay (PT-DF), Maria do Rosário (PT-RS), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Luiza Erundina (PSOL-SP) e Ana Perugini (PT-SP), além das senadoras Fátima Bezerra (PT-RN) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) foram contundentes ao afirmar que a mobilização da sociedade brasileira precisa ser intensa. “É preciso pressionar os(as) parlamentares para que eles se posicionem contrariamente a essa política que vai prejudicar o povo brasileiro, aumentando a pobreza e a desigualdade social, sob um argumento falso de rombo, que tem como objetivo beneficiar os bancos e as empresas de previdência privada”, afirmou a deputada Jandira Feghali, que fará parte da comissão da Reforma Trabalhista na Câmara dos Deputados, pelo PCdoB.
Deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e senadora vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) - Foto: Anna Carolina Carvalho FONTE: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Lívia Barreto