Uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Coração de Jesus/MG, a Universidade Federal de Viçosa (UFV), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a UNIMONTES, entre outras entidades e movimentos sociais, resultou no aprofundamento do debate sobre a implementação, de fato, da Educação do Campo no município e região.
Nesta segunda-feira, 30 de outubro, foi realizado o 1º Seminário da Educação do Campo e da Terra: Educação Ambiental e Agroecologia, em Coração de Jesus, no norte de Minas Gerais, reunindo professores(as), estudantes, representantes de movimentos sociais, incluindo o STTR, a FETAEMG e a CONTAG, representantes de associações, diretores(as) de escolas municipais e estaduais, representantes das Universidades (UFV, UFMG e UNIMONTES), trabalhadores e trabalhadoras rurais e comunidades quilombolas.
Segundo o secretário de Educação de Coração de Jesus/MG, Gilberto Medeiros, a ideia desse seminário nasceu de um diálogo estabelecido com os alunos da Universidade Federal de Viçosa e, também, com os professores da Escola da Terra da Universidade Federal de Minas Gerais. “Posteriormente, o diálogo foi ampliado e entramos em contato com o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Coração de Jesus e formamos uma parceria. Dessa parceria, saiu esse primeiro seminário e a quantidade de parceiros só foi aumentando”, explicou.
Para Gilberto, o principal objetivo do seminário é fazer com que a educação do campo seja mais conhecida e efetivamente implantada no município de Coração de Jesus. “Acredito que obtivemos sucesso com a realização deste seminário, que foi o pontapé para o início de outros projetos e programas”. O secretário informou, ainda, que desse evento saiu a proposta de um projeto piloto de estudantes em Educação do Campo da Universidade Federal de Viçosa a ser implantado nas escolas do município e do estado.
A programação do seminário contou com cinco oficinas:
- Educação do Campo e Escola do Campo (professora Élida Lopes Miranda – Departamento de Educação – UFV).
- Educação do Campo Ambiental e Agroecologia (Mirian Nogueira Souza – colaboradora do CAA-NM).
- Educação do Campo e Protagonismo dos Movimentos Sociais (Mônica Bufon Augusto – secretária nacional de Jovens da CONTAG).
- Escola da Terra e os desafios da Educação para a preservação da Água (Cristiane David, mestranda em Educação do Campo – UFMG).
- Educação do Campo na perspectiva regional do Norte de Minas (professora Magda Martins Macedo – Laboratório de Educação do Campo – UNIMONTES).
Marta, da comunidade Retiro I, que é licenciada em Educação do Campo, com habilitação e Ciências da Natureza e ênfase em Agroecologia, explica que esses cinco temas das oficinas foram bastante demandados pela região e, através do seminário e das oficinas, será apresentado o pré-projeto a ser levado às escolas. “A partir disso, vamos visitar as escolas, conhecer as demandas e saber quais escolas estão mais precisando. O seminário foi muito positivo e muito gratificante”, avalia.
O seminário também foi bem avaliado pelo Cicero, presidente do STTR de Coração de Jesus. “Hoje, no seminário, vimos vários pontos positivos, um deles foi a difusão da Educação do Campo. Ficamos muito felizes com a participação da CONTAG neste seminário, nessa parceria com a Secretaria Municipal de Educação e com outras entidades parceiras para articular a implementação dessa metodologia de Educação do Campo no nosso município”.
Um dos princípios da Educação do Campo é preservar as tradições e culturas do campo e de quem é do campo, conforme explica Naiara, da comunidade de São João da Vereda, do município de Montes Claros, atualmente coordenadora regional da Juventude pelo Polo Norte da FETAEMG. “A visão que eu tive do seminário é que foi uma experiência muito grande, onde universitários(as) tiveram a iniciativa de buscar parcerias com o Sindicato e a Secretaria de Educação em busca de ocupar, de fato, seus lugares e de propiciar novas oportunidades mostrando que o campo é um lugar que gera vida, que não é um lugar de atraso como muitos pregam, e de levar as licenciaturas para as bases. Acreditamos que, assim, vão ter espaço e a oportunidade de dialogar com os sujeitos do campo, conservando as suas tradições e culturas, valorizando o que é passado pelos seus pais, avós e demais parentes”, explica Naiara.
A coordenadora completa que é preciso contrapor o que as escolas convencionais pregam para a juventude rural. “As escolas convencionais pregam que o(a) jovem precisa sair do campo para ter condições de vida melhor e nós queremos contrapor isso porque o(a) jovem não precisa sair do campo para ter uma vida melhor. A gente precisa de políticas públicas que façam com que esses jovens permaneçam no campo com dignidade de vida, com esporte, com cultura, com lazer e que continue lá plantando, produzindo e gerando alimentos que é fonte de vida.”
A CONTAG esteve representada neste seminário pela secretária nacional de Jovens, Mônica Bufon Augusto, que elogiou bastante a iniciativa e que incentivou que outros municípios também trabalhem efetivamente a política de educação do campo. “Foi uma experiência muito boa onde a gente pode ver que a Secretaria de Educação está em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais para implementar, de fato, a educação do campo nas escolas e trazendo esse tema para o debate. Foram cinco oficinas e eu participei da Oficina Educação do Campo e Protagonismo dos Movimentos Sociais. Eu pude ver na oficina que o tema da educação do campo está um pouco atrasado para algumas pessoas, como professores e até mesmo trabalhadores(as) rurais. Precisamos aprofundar o debate sobre esse tema. E esse seminário proporcionou isso, de falar mais de perto sobre a educação do campo, dialogando com o público do campo.”
A dirigente também falou do destaque que a Agroecologia está ganhando no âmbito da Educação do Campo e da importância de parcerias. “Falamos muito sobre a Agroecologia e a importância da Educação do Campo para a transição agroecológica e pudemos conhecer a realidade do município mais de perto. Que possamos fazer seminários como esse em mais municípios e fazer parceria com outros secretários de Educação que possam abraçar essa causa junto com a gente e levar cada vez mais a Educação do Campo para o campo”. Mônica reforça que a Educação do Campo é uma luta dos movimentos sociais. “E somente com uma Educação do Campo forte iremos trabalhar a sucessão rural e ter um campo com desenvolvimento, com qualidade de vida digna, trabalhando a Agroecologia e fortalecendo a nossa agricultura familiar”, destaca a dirigente da CONTAG. FONTE: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Verônica Tozzi