O enfrentamento da violência contra mulheres do campo e da floresta é o objetivo da campanha "Mulheres, donas da própria vida", que teve sua segunda etapa lançada na tarde desta sexta-feira 30, na tenda Irmã Dorothy Stang, no território do Fórum Social Mundial (FSM).
A campanha é uma antiga demanda das mulheres trabalhadoras rurais, quilombolas, seringueiras, quebradeiras de coco em todo o país, apresentada na Marcha das Margaridas de 2007. O lançamento foi feito pela Secretaria Especial de Polícias para Mulheres da Presidência da República, com a presença da ministra Nilcéa Freire.
As últimas campanhas de enfrentamento tinham como viés apenas a mulher urbana. Daí a necessidade de tratar de políticas públicas específicas às mulheres da floresta. Após a Marcha das Margaridas foi criado um fórum permanente de debates dessas políticas públicas, que resultou na campanha.
A primeira etapa teve spot de rádio veiculado em mais de 800 emissoras do país, nos meses de dezembro e janeiro, e anúncios nas revistas femininas de maior circulação no país. "Agora outras peças serão produzidas, visando à discussão de todas as dimensões da violência, não só a doméstica", informou a ministra.
Novo mundo - Ela fez um tributo às mulheres que construíram os caminhos para se chegar ao FSM, "da possibilidade de construir outro mundo que já estamos fazendo possível", afirmou. Para Carmem Foro, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Agricultura (Contag), a autonomia é algo imprescindível no enfrentamento da violência, assim como reforma agrária e crédito.
"Quero registrar que esta campanha foi construída por várias mãos e de outros movimentos de mulheres, que não apenas a Contag e Movimento de Mulheres do Campo (MMC). Em todos os nossos processos de deliberações e reflexões, temos dito aos governos que as políticas públicas têm chegado muito pouco à zona rural", frisou.
Futuro sem violência - Ela ressaltou que a campanha não é apenas distribuir material informativo, mas estreitar os compromissos da campanha com a sociedade brasileira, a sociedade internacional e os movimentos sociais representados no FSM.
Pressão - Carmem disse ainda que as mulheres organizadas devem ser as protagonistas da campanha. "para que pressionem os governantes neste processo, e que tenhamos um futuro distante da violência do passado", acrescentou.
A representante do MMC, Luciana Nunes, enfatizou que a campanha deve ter a cara das mulheres que estão na roça ou nas margens dos rios. "Tenho certeza que a campanha vai destruir esta situação de violência que ainda existe", afirmou, lembrando o local escolhido para o lançamento: a tenda com o nome da irmã Dorothy Stang, assassinada em 2005, em Anapu (PA).
A irmã Inrriquieta, da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, comentou que muitas vítimas procuram a igreja para um gripo de socorro na busca do espaço de libertação da violência. FONTE: Fabíola Batista, Secom