A Associação de Mulheres Santa Rosa, em Uberaba, ganha novo fôlego amanhã, 8 de março, mesma data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. As integrantes do grupo, formado em 1985, comemoram a inauguração da unidade de processamento de frutas e doces, implantada com recursos do Programa Minas Sem Fome, do Governo do Estado.
A agroindústria, onde as produtoras preparavam os doces e compotas de forma artesanal, já está totalmente equipada, inclusive com descascador de frutas e esterilizador de embalagens de vidro para os doces. Sem o equipamento, as trabalhadoras gastavam quase uma hora para preparar 10 vidros. A partir de agora, este número vai subir para 80. Também foram comprados liquidificador, batedeira, multi-processador, balança digital, geladeira e um forno novo.
Desde o início, há mais de 20 anos, as trabalhadoras contam com a orientação de extensionistas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). Para ajudar na profissionalização do dom natural para fazer as delícias, elas participaram de cursos em que tiveram acesso a Boas Práticas de Fabricação (com ênfase nos aspectos de segurança alimentar e qualidade final dos produtos), técnicas de rotulagem adequada à legislação, além de conhecimentos sobre a composição nutricional e diversas oficinas de artesanato.
Em outros eventos de capacitação organizados pela Emater-MG, as agricultoras aprenderam também a estabelecer um preço justo para as mercadorias, com base nos custos de produção e nas margens de comercialização para garantir o reinvestimento na atividade, além da remuneração do trabalho. Segundo a extensionista Amely, um vidro de doce podia custar de R$ 2 até R$ 10. Atualmente, cada vidro de compota é vendido a R$ 6,50.
Paralelamente à orientação para ampliar a produção e conquistar mais mercado, a Emater-MG também mobiliza diversos parceiros para fortalecer a Associação. Uma das conquistas foi a construção, em 2004, do Centro de Atividade Rural Marinalva Soares. A sede própria concentrou a produção de doces e artesanato e foi batizada em homenagem à extensionista responsável por repassar as técnicas para a produção dos doces.
Segundo a técnica da Emater-MG Amely Degraf, atual responsável pelo acompanhamento do grupo, os maridos já estão acostumados com a rotina profissional de suas esposas. E entusiasmo não falta às mulheres do bairro Santa Rosa. Sem deixar de lado os afazeres domésticos, elas encontram tempo para deixar o almoço pronto e ainda se reunir para preparar juntas as delícias que já são famosas em Uberaba.
CRÉDITO ESPECIAL
Em todo o Estado, a Emater-MG, empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), presta atendimento às trabalhadoras rurais, no sentido de ampliar sua participação nas atividades produtivas e melhorar a renda das famílias. Uma das ações é na orientação para facilitar o acesso ao crédito rural.
E os resultados do Pronaf Mulher - linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar específica para as produtoras rurais - são uma amostra da disposição das mulheres de Minas para o empreendedorismo. De 2005 para 2007, o valor financiado nesta linha de crédito subiu 102,5%.
"O papel do extensionista na divulgação e acompanhamento do uso do crédito rural é muito importante", afirma o coordenador técnico estadual de Crédito Rural da Emater-MG, João Augusto Guabiraba. Ele lembra que, para ter acesso ao crédito, a interessada deve obter a declaração de aptidão de produtora rural (DAP). Os formulários podem ser obtidos nos escritórios da Emater-MG em todo o Estado. Os técnicos da instituição também se encarregam da formulação do projeto técnico, necessário para a liberação dos recursos, encaminhando-o aos agentes financeiros credenciados, como o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste.
CASOS DE SUCESSO
Rosilene Martins Ferreira Aquino foi a primeira a ser beneficiada com crédito do Pronaf Mulher em Santa Vitória, no Triângulo Mineiro. Com o empréstimo e uma receita de doce de leite dada pela sogra, tornou-se microempresária no setor de doces e quitandas. Para aperfeiçoar seus conhecimentos, ela participou dos cursos realizados pela Emater-MG, na área de processamento artesanal de produtos agropecuários.
Em 2004, a agricultora sentiu necessidade de construir um local que atendesse às exigências da legislação para processamento artesanal de alimentos e lhe proporcionasse maior conforto e comodidade para atender os clientes. A extensionista Círlei de Lourdes Pereira fez um projeto para a agroindústria, mas faltava o principal: recursos para executá-lo. Em 2005, surgiu a possibilidade de aderir ao Pronaf Mulher. O financiamento, de R$ 14.749,00, aprovado pelo Banco do Brasil, contemplou a construção do galpão de 80 metros quadrados e a compra de vários equipamentos.
Com uma propriedade de 5 hectares no município de Boa Esperança, nas proximidades do Reservatório da Hidrelétrica de Furnas, onde a água "passa no fundo do quintal", a agricultora familiar Nelma Aparecida de Almeida acreditou na piscicultura como uma oportunidade de melhorar a renda da família. A sugestão de diversificar a produção na propriedade, até então concentrada no café, foi do extensionista Cláudio Salim, que também preparou o projeto técnico.
Com o crédito de R$ 7.800,00 do Pronaf Mulher, ela iniciou a atividade de cria, recria e engorda de peixes em tanques-rede, juntamente com o marido, Matuzalém. Com o rendimento, eles já conseguiram trocar os móveis e fazer uma boa reforma na casa, aumentando o número de cômodos, para dar mais conforto ao casal e aos três filhos.
O Pronaf Mulher foi criado no Plano Safra 2004/2005, pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, visando reconhecer e estimular o trabalho das mulheres rurais na agricultura familiar e nos assentamentos de reforma agrária. Os limites de crédito variam conforme o enquadramento nos diversos grupos do Pronaf e podem chegar a R$ 36 mil, com taxa de juros de 0,5% a 5,5% ao ano.
Veja o resultado do Pronaf Mulher em Minas Gerais:
Número de contratos: 233 (2005) - 699 (2006) - 567 (2007)
Valor total (R$): 1.774.791,00 (2005) - 3.865.417,00 (2006) - 3.594.782,00 (2007) FONTE: Agrosoft Brasil